Agronegócio

Chineses mantêm importação de carne suína em alta

04 mar 2020, 16:47 - atualizado em 04 mar 2020, 16:47
Porcos Suínos
A China enfrenta grande déficit de proteínas depois que a propagação da peste suína africana reduziu seu plantel de suínos (Imagem: REUTERS/Ben Brewer)

A demanda da China por carne suína continua forte, apesar dos temores de que o surto de coronavírus afete o consumo.

Os embarques do Brasil para a China mais do que dobraram em fevereiro em relação ao ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o que também mantém os preços em alta.

A China enfrenta grande déficit de proteínas depois que a propagação da peste suína africana reduziu seu plantel de suínos, o maior do mundo.

A doença impulsionou as compras de carne pela China durante vários meses, mas alguns analistas começaram a temer o impacto da crise da saúde sobre a demanda.

Por enquanto, não é o caso, pelo menos para a carne suína.

Com o menor movimento em restaurantes devido ao medo de exposição ao vírus, mais pessoas cozinham em casa: uma boa notícia para a carne suína, a favorita dos chineses, pois a migração de seu consumo fora de casa para o lar é mais fácil em relação a outras proteínas, segundo estudo recente do Rabobank.

Para a carne bovina, que é consumida com mais frequência em restaurantes, o efeito seria oposto.

Segundo analistas do Rabobank, a carne de porco seria a menos afetada pelo surto em comparação com outras proteínas.

“Os impactos das ocorrências de peste suína africana no rebanho de mercados como China e Vietnã mantiveram o fluxo dos embarques elevados, em níveis atípicos para o período”, disse Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA, em comunicado enviado por e-mail.

A tendência pode continuar. A BRF, uma das maiores exportadoras de carne de frango, disse nesta semana que o surto de coronavírus na China deve aumentar a demanda por produtos com maior nível de segurança alimentar, o que melhora as perspectivas para exportadores de carne.

Enquanto isso, os portos chineses começam a normalizar as operações, o que permite a continuidade do fluxo de embarques.

“As questões pontuais de logística decorrentes das ações de controle ao Covid-19 não geraram impactos significativos no saldo final das exportações brasileiras”, disse Francisco Turra, presidente da ABPA.

A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina e suína.

O Brasil é o principal fornecedor de carne bovina do país asiático e ocupa a sétima posição no ranking de carne suína, segundo o Rabobank.