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Chinesa State Grid quer usar verba de pesquisa para combater coronavírus no Brasil

07 abr 2020, 17:01 - atualizado em 07 abr 2020, 17:01
Logo da elétrica chinesa State Grid
O maior país da América Latina tem sido o principal alvo de investimentos da State Grid fora da China desde 2010 (Imagem: REUTERS/Jason Lee)

A elétrica chinesa State Grid está pedindo uma autorização regulatória para apoiar autoridades no Brasil no combate ao coronavírus por meio do uso de recursos que empresas de energia precisam obrigatoriamente investir em projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D).

O pleito, encaminhado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e ainda em análise, permitiria à estatal chinesa ampliar ações que já vêm sendo tomadas para ajudar na luta contra o vírus no país, disse à Reuters o diretor vice-presidente da State Grid no Brasil, Anselmo Leal.

Maior empresa de energia elétrica do mundo, a State Grid controla no Brasil a CPFL Energia (CPFE3), além de possuir ativos de transmissão por meio da controlada State Grid Brazil Holding.

O maior país da América Latina tem sido o principal alvo de investimentos da State Grid fora da China desde 2010, quando a companhia chegou ao mercado local por meio de aquisições.

“Fizemos uma reorganização na destinação de diversas rubricas de nosso orçamento para o combate ao coronavírus, muito por conta da expertise que a State Grid teve com essa enfermidade na China”, disse Leal em conversa por telefone nesta segunda-feira.

“O que acontece é que nosso orçamento ficou diminuto perto da demanda por ajuda que temos recebido (de prefeituras e outras entidades). Nesse espírito, consultamos a Aneel para que a gente aumente nossa capacidade de participação.”

Segundo o executivo, a State Grid já direcionou cerca de 3 milhões de reais para iniciativas voltadas à luta contra o coronavírus na cidade do Rio de Janeiro, onde fica a sede da empresa no Brasil, e outras ações estão em preparação em diversas localidades onde o grupo tem ativos.

A companhia tem buscado cortar outras despesas para aumentar o orçamento destinado a essas iniciativas sociais, ao mesmo tempo em que revê alguns patrocínios para focar na epidemia.

“Algumas ações de fomento à cultura e ao esporte a gente já reverteu para o combate ao coronavírus”, afirmou Leal, destacando que a companhia poderá ampliar a atuação caso tenha um aval da Aneel para utilizar os recursos de P&D.

Pela legislação, empresas de distribuição de energia são obrigadas a aplicar anualmente ao menos 0,75% da receita operacional líquida em pesquisa e desenvolvimento, enquanto concessionárias de transmissão e geração têm de aplicar ao menos 1% da receita em P&D.

“Poderia ser destinado para um instituto de pesquisa que esteja trabalhando em medicamentos… ou poderíamos tentar usar nossa cadeia de suprimento na China para tentar trazer uma oferta de produtos que aqui não tem”, disse Leal, citando como exemplos respiradores e outros equipamentos médicos.

Logotipo do BNDES
A doação foi viabilizada por meio das subsidiárias XRTE e BMTE e usará uma linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltada a projetos sociais (REUTERS/Sergio Moraes)

Ele não comentou, no entanto, quanto a companhia poderia utilizar em verbas de P&D.

“Tudo isso está acontecendo independentemente dessa decisão da Aneel, mas caso a gente consiga mobilizar mais recursos poderia expandir a atuação. A ideia é somar esforços”, afirmou.

Entre as iniciativas já adotadas pela companhia, o executivo destacou a doação de 264 leitos hospitalares para um hospital de campanha que está sendo montado no Rio Centro pela prefeitura da cidade.

A doação foi viabilizada por meio das subsidiárias XRTE e BMTE e usará uma linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltada a projetos sociais.

XRTE e BMTE são controladas da State Grid responsáveis pela operação de linhões de transmissão em ultra-alta tensão que conectam a enorme hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, ao sistema elétrico do Sudeste.

Na segunda empresa, a chinesa ainda tem como sócias Furnas e Eletronorte, subsidiárias da Eletrobras (ELET3ELET5ELET6).

Leal afirmou que ainda não é possível estimar quanto a State Grid aplicará nas ações relacionadas ao coronavírus devido principalmente à dificuldade de encontrar alguns produtos no mercado para efetivar as iniciativas.

“Tentamos comprar agora 100 mil máscaras e não conseguimos. Estamos tentando comprar equipamentos para hospitais de campanha ou para ajudar cidades a criarem Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) e semi-intensivo”, afirmou.

O Brasil registrava na segunda-feira um total de 12.056 casos confirmados de coronavírus, com 533 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde, que mostraram aumento de 67 vítimas fatais e 926 registros do vírus na comparação com domingo.

Já a China, onde a pandemia teve início, confirmou 32 novos casos de Covid-19 nesta segunda-feira. O país, que tem conseguido controlar a disseminação da doença após duras medidas de isolamento social agora replicadas pelo mundo, disse que todos registros estão relacionados a viajantes que chegaram do exterior.

O número de casos confirmados na China continental atingiu 81.740 nesta segunda-feira.

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