China teve ‘PIBinho’ no 4T22, mas em 2023 vem ‘PIBão’ por aí
A China encolheu de tamanho ao final do ano passado. O Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu 2,9% entre outubro e dezembro de 2022, desacelerando-se da alta de 3,9% do trimestre anterior. Com isso, a expansão no acumulado de 2022 foi de 3,0%.
Trata-se do menor crescimento anual desde o início da pandemia, em 2020, quando o PIB da China avançou 2,2%. Porém, o país deve voltar a ser um gigante emergente em 2023. Isso porque o fim da política de Covid Zero deve deixar para trás boa parte dos fatores de curto prazo que impactaram a economia chinesa.
“Ano passado é como há uma era atrás na China”, resume o economista-chefe para Ásia da Capital Economics (CE), Mark Williams. Por isso, para ele, os dados até dezembro sobre a atividade chinesa devem ser vistos pelo retrovisor.
Isso porque a recuperação econômica após a onda de infecções por covid-19 na China está em um ritmo mais rápido que o esperado. Ou seja, o aumento abrupto de casos da doença causou uma interrupção na atividade apenas no curto prazo.
“Esperava-se que a interrupção na atividade pesasse no primeiro trimestre. Porém, há evidências de que grande parte da população já foi infectada e que, com isso, essa paralisação já está desaparecendo rapidamente”, explica Williams.
Vale lembrar que desde a descoberta do primeiro surto de coronavírus, em Wuhan, na virada de 2019 para 2020, a China implementou uma estratégia de combate e prevenção baseada em quatro passos: rastrear, testar, isolar (lockdowns) e tratar. Portanto, ao longo dos últimos três anos o país se estruturou para minimizar os casos e óbitos por covid-19.
Ao mesmo tempo, porém, a China se organizou para uma reabertura econômica. “Um processo que levou meses em outros países foi compactado no espaço de algumas semanas na China”, ressalta o economista da Capital Economics.
PIBão em 2023
Portanto, a China deve ter uma forte retomada devido à reabertura econômica já a partir do início deste ano. Mais que isso, o gigante emergente deve ter um 2023 mais forte. A consequência mais óbvia é a retomada do consumo doméstico e também do turismo local e regional.
“Sinais mais claros de recuperação podem surgir após o Ano Novo Chinês, caso a situação da covid-19 continue a se estabilizar”, afirma a economista-chefe para Ásia do Natixis, Alicia Garcia Herrero. Ela se refere ao principal feriado no país, celebrado neste ano no próximo domingo (22), e que representa o maior movimento migratório de pessoas no mundo.
No geral, a expectativa agora é de que a China termine 2023 com um crescimento do PIB de 5,5%. Essa estimativa se dá especialmente devido ao enorme efeito da base de comparação, mas também à medida que o país retorna à taxa de crescimento potencial sustentável no médio prazo.