Internacional

China tenta reprimir os protestos em Hong Kong sem tropas

20 ago 2019, 15:59 - atualizado em 20 ago 2019, 15:59
Movimentos demonstram a capacidade do Partido Comunista de entrar nas políticas da cidade sem recorrer à força militar, mesmo que reforcem argumentos de que o controle local está sendo erodido (Imagem: Justin Chin/Bloomberg)

A China tem muitas armas para controlar os manifestantes de Hong Kong antes que seja necessário o envio de tropas.

Desde proibir comissários de bordo dissidentes a encorajar cidadãos “patrióticos” a confrontar manifestantes nas ruas, a China descarregou uma vasta gama de poder de fogo contra a oposição da cidade nas últimas semanas.

Embora as autoridades chinesas continuem reafirmando seu compromisso com o “alto grau de autonomia” de Hong Kong, começaram a mostrar poder mais diretamente, já que alguns manifestantes atacaram a sede local do governo central e outros símbolos da autoridade de Pequim.

O Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau – a principal agência da China que supervisiona a cidade – realizou três inéditos briefings sobre os protestos e convocou representantes locais para uma reunião a portas fechadas em Shenzhen.

Os movimentos demonstram a capacidade do Partido Comunista de entrar nas políticas da cidade sem recorrer à força militar, mesmo que reforcem argumentos de que o controle local está sendo erodido.

A China também apresentou reclamações diplomáticas formais com países que apoiaram os protestos, acusando os Estados Unidos e o Reino Unido de se intrometerem. Na terça-feira, foi revelado que um trabalhador consular do Reino Unido de Hong Kong foi detido ao retornar de uma viagem ao continente no início deste mês.

A China tem mostrado repetidamente a disposição de usar sua influência no comércio mundial para expressar descontentamento político, como a Coréia do Sul, Canadá, Noruega e outros podem atestar. Hong Kong, que realiza mais de 40% do seu comércio através do continente, é particularmente vulnerável.

Mesmo que Pequim não tenha intenção de mobilizar tropas, pode desencadear um vasto aparato de mídia estatal para elevar o temor de que isso aconteça.

A mídia chinesa divulgou fotos e reportagens de tropas chinesas e forças paramilitares treinando em cenários que lembram os protestos de Hong Kong. As alegações do governo de que os protestos são produto de influência estrangeira, como os EUA e o Reino Unido, são amplamente divulgadas, ajudando a estabelecer o terreno para qualquer intervenção mais direta.

Além disso, as partes mais violentas dos protestos, como bombas de gasolina jogadas em delegacias de polícia ou a destruição de emblemas nacionais, são amplificadas para a maioria dos 1,4 bilhão de cidadãos do continente.

O noticiário frequentemente comparara os protestos a “terroristas” e “desordeiros” – um rótulo usado para justificar a repressão da Praça Tiananmen em 1989. O sistema de censura de Pequim ajuda a garantir que fatores que possam gerar simpatia pelo movimento não sejam mencionados.

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