China se prepara para despejar rios de dinheiro na economia
A China pode estar dando o braço a torcer à ideia de um pacote de estímulo fiscal que, embora não seja voltado ao consumo, pode acabar atuando pelo reaquecimento da economia doméstica.
Citando fontes não identificadas, a Bloomberg informou nesta terça-feira (10) que o governo de Pequim está considerando aumentar o déficit orçamentário de 2023 consideravelmente acima do teto aprovado no início do ano. O foco seria projetos de infraestrutura, diz a publicação.
Em março, o governo chinês aprovou um orçamento público para 2023 com a projeção de US$ 3,4 trilhões em receita e US$ 4 trilhões em gastos, resultando em um déficit US$ 564,1 bilhões.
Os recursos destravados podem representar um gasto adicional de até US$ 137 bilhões na dívida pública do gigante asiático. A decisão deve se tornar pública no início de novembro.
Caso se confirme, o pacote pode marcar a primeira medida de natureza fiscal da série de estímulos que Pequim tem tentado emplacar como forma de reaquecer a economia, buscando o objetivo de crescer 5% em 2023.
Analistas do mercado enxergam no fomento ao gasto público uma via mais imediata de reaquecer a economia doméstica, tirando agentes econômicos da “inércia”. É o caso, por exemplo, das construtoras civis, que vem sofrendo com a falta de apetite do governo desde o início da pandemia.
Não por acaso, ações do e-commerce e de tecnologia fortemente vinculadas ao mercado doméstico da China sobem nesta terça-feira, com JD.com (JD) e Alibaba (BABA) liderando o bloco.
A notícia também mexe com o minério de ferro, puxando consigo ações brasileiras, como a Vale (VALE3), que sobe 0,93% no início da tarde.
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Por que China reluta em aprovar gastos para consumo?
A boa reação dos ativos relacionados à China sinaliza que os mercados veem nos estímulos voltado à infraestrutura um “plano B” satisfatório, já que medidas pró-consumo devem permanecer fora da mesa.
De acordo com um reportagem feita pelo Wall Street Journal em agosto, o líder chinês Xi Jinping e outras lideranças do Partido Comunista Chinês possuem “objeções filosóficas” à ideia de um ciclo de estímulo baseado em consumo, como frequentemente aplicado pelos pares ocidentais.
A visão dos líderes sobre estímulos fiscais casa com um movimento de “transição” do potência asiática, que busca desalavancar a sua economia, diminuindo a sua dependência de credores estrangeiros.
Em uma linha separada, as autoridades podem optar por reforçar o poder das exportações e o fomento da produção interna.