China quer que cidadãos também financiem obras de infraestrutura

A nova medida da China para impulsionar a economia sem aumentar o endividamento é fazer com que investidores de varejo financiem gastos em infraestrutura.

Autoridades disseram que planejam um teste com fundos de investimento imobiliário, ou REITs, que levantarão capital para ajudar a financiar projetos públicos em andamento, como estradas, aeroportos ou serviços públicos.

Para pessoas físicas, o atrativo seria a capacidade de gerar renda por meio de investimentos imobiliários sem a necessidade de comprar ou administrar qualquer ativo.

A Comissão de Valores Mobiliários da China realiza consulta pública sobre a proposta – que permitiria a negociação de REITs na bolsa pela primeira vez na China – até 30 de maio, segundo comunicado divulgado na quinta-feira.

Anos de deliberações sobre esses valores mobiliários focaram em grande parte em como poderiam ajudar incorporadoras endividadas a levantar fundos e, ao mesmo tempo, restringir as compras especulativas entre pessoas físicas.

“Há dinheiro privado ocioso aqui e ali, mas, quando você soma tudo, é uma quantia bastante grande”, disse Shen Meng, diretor do Chanson & Co., banco de investimentos boutique em Pequim.

“Como os ativos de infraestrutura testados são de boa qualidade, o programa atrairá interesse de investidores de varejo. Isso certamente aliviará o peso da dívida do governo.”

Concentrar REITs em projetos de infraestrutura pode ajudar a aliviar a enorme tensão fiscal enfrentada pelos governos central e locais da China.

O país aumenta esses gastos para impulsionar o crescimento em um momento de queda da demanda externa e doméstica em meio à pandemia de coronavírus.

Autoridades locais têm recorrido a empresas de fachada e dívidas extrapatrimoniais para assumir a maior parte do financiamento de infraestrutura ao longo dos anos.

Os REITs, que podem ser comprados e vendidos como ações, permitem que investidores de varejo obtenham exposição a investimentos de grande porte, geralmente projetos imobiliários, como shopping centers e torres de escritórios.