China: Quebra da incorporadora Shimao pode ser muito pior que Evergrande, diz estrategista
Seu balanço equivale a menos de um terço do tamanho da China Evergrande e a empresa nem chega a entrar na lista das dez maiores incorporadoras chinesas em vendas.
Mas, para muitos investidores, a Shimao Group de repente se tornou a maior preocupação do setor imobiliário chinês, cujos problemas não são poucos.
Há muito tempo considerada uma das empresas mais saudáveis do mercado, a Shimao parecia até recentemente imune à turbulência do mercado de crédito que, neste mês, levou à inadimplência de rivais com grau especulativo, entre elas Evergrande e Kaisa Group.
Essa visão mudou drasticamente na semana passada, com informações não confirmadas de que a Shimao enfrenta dificuldades para efetuar pagamentos, o que derrubou os títulos da empresa para 59 centavos de dólar na quarta-feira em relação a quase 90 centavos.
O crash se destaca porque, na grande maioria, títulos de incorporadoras de melhor classificação têm resistido à onda vendedora. O rendimento de um indicador da chamada dívida junk chinesa superou 20%.
A Shimao, fundada pelo bilionário Hui Wing Mau, ainda é classificada com grau de investimento pela Fitch Ratings, embora a S&P Global Ratings tenha rebaixado o rating da empresa para junk no mês passado.
Muitos dos títulos da Shimao estão em mãos de investidores com muito menos tolerância para defaults do que credores que se interessam por nomes como a Evergrande.
“Um colapso da Shimao será muito pior do que o da Evergrande, em nossa opinião”, disse Dhiraj Bajaj, chefe de crédito da Ásia na Lombard Odier.
“A Evergrande era conhecida por ser uma entidade altamente alavancada, mas, se empresas de alta qualidade em hospitalidade, serviços e construção focadas em mercados de alta qualidade como Xangai não puderem sobreviver a esta crise, então a confiança global será perdida para sempre.”
A preocupação é a de que um possível default da Shimao provoque uma reavaliação muito mais ampla do risco no setor imobiliário chinês, o que elevaria os custos de financiamento para incorporadores com notas de crédito mais altas e afugentaria compradores de imóveis, que nos últimos meses migraram para essas empresas, vistas como seguras, devido à crise da Evergrande.
A China pode ser obrigada a flexibilizar ainda mais as restrições ao setor imobiliário para evitar que incorporadoras como a Shimao tenham problemas financeiros e limitar o risco de instabilidade social, disseram Andrew Chan e Daniel Fan, analistas da Bloomberg Intelligence, em nota na quarta-feira.
“Se essa desconfiança se espalhar para incorporadoras privadas com grau de investimento, as vendas do setor podem entrar em colapso, gerando mais defaults”, escreveram os analistas. “O estado pode, portanto, precisar aumentar seus esforços para reverter essa visão.”