China promete “lutar até o fim” enquanto a guerra tarifária de Trump se intensifica

A China se recusou a ceder ao que chamou de “chantagem” dos Estados Unidos, enquanto a guerra comercial global desencadeada pelas tarifas do presidente Donald Trump mostra poucos sinais de redução nesta terça-feira (8), mesmo com a estabilização dos mercados acionários.
A reprovação de Pequim veio depois que Trump ameaçou aumentar as tarifas sobre as importações norte-americanas da segunda maior economia do mundo para mais de 100%, em resposta à decisão da China de igualar as tarifas “recíprocas” que Trump anunciou na semana passada.
“A ameaça dos EUA de aumentar as tarifas contra a China é erro em cima de erro, expondo mais uma vez a natureza chantagista do lado norte-americano”, disse o Ministério do Comércio da China.
“Se os EUA insistirem em seguir seu caminho, a China lutará até o fim”.
Os fabricantes chineses estão alertando sobre os lucros, esforçando-se para planejar novas fábricas no exterior e pechinchando com os clientes sobre os preços.
A União Europeia propôs contra-tarifas próprias para a investida de Trump, que atingiu dezenas de países, fez com que os mercados financeiros entrassem em parafuso e alimentou as expectativas de que a economia global pode estar caminhando para uma recessão.
Os mercados de ações encontraram uma base mais firme nesta terça-feira, depois de alguns dias angustiantes para os investidores, o que levou alguns líderes empresariais, incluindo aqueles próximos a Trump, a pedir ao presidente que reverta o curso.
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As ações europeias saíram das mínimas de 14 meses depois de quatro sessões consecutivas de fortes vendas, enquanto os preços globais do petróleo se recuperavam após forte liquidação.
O índice Nikkei do Japão fechou em alta de 6% nesta terça-feira, recuperando-se de uma mínima de um ano e meio atingida na sessão anterior, depois que Trump e o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba concordaram em abrir negociações comerciais.
O índice chinês CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 1,7%, recuperando parte da forte perda na segunda-feira. O Índice Hang Seng de Hong Kong avançou depois de sofrer o pior dia desde 1997 devido ao que o líder do centro comercial chamou de tarifas “impiedosas”.
Como os mercados financeiros permaneceram voláteis, o diretor da operadora de bolsa de valores pan-europeia Euronext disse que os Estados Unidos estão começando a se assemelhar a um mercado emergente.
“O medo existe em toda parte”, disse Stephane Boujnah à rádio France Inter, afirmando que os EUA haviam se tornado “irreconhecíveis”.
“Há uma certa forma de luto, porque os Estados Unidos, que conhecíamos em sua maior parte como uma nação dominante se assemelhava aos valores e às instituições da Europa, e agora se assemelha mais a um mercado emergente.”
Os mercados emergentes geralmente usam tarifas específicas para proteger determinados setores da concorrência estrangeira.
Trump disse que as tarifas – um mínimo de 10% para todas as importações dos EUA, com taxas direcionadas de até 50% – ajudarão os Estados Unidos a recuperar uma base industrial que, segundo ele, definhou ao longo de décadas de liberalização do comércio.
“É a única chance que o nosso país terá de reiniciar a mesa. Porque nenhum outro presidente estaria disposto a fazer o que estou fazendo, ou mesmo a passar por isso”, disse ele a repórteres na Casa Branca.
Tarifas do Trump: Europa busca contramedidas
A Comissão Europeia, por sua vez, propôs contra-tarifas de 25% sobre uma série de produtos norte-americanos, incluindo soja, nozes e salsichas, embora outros itens potenciais, como o uísque bourbon, tenham sido deixados de fora da lista, de acordo com um documento visto pela Reuters.
As autoridades disseram que estão prontas para negociar um acordo “zero por zero” com o governo de Trump.
O bloco de 27 membros está enfrentando dificuldades com as tarifas sobre automóveis e metais já em vigor, e terá uma tarifa de 20% sobre outros produtos entrando em vigor na quarta-feira. Trump também ameaçou impor tarifas sobre as bebidas alcoólicas da UE.
Enfrentando algumas das tarifas mais altas a serem impostas globalmente, o Vietnã, centro de fabricação de baixo custo, solicitou um adiamento de 45 dias e disse que comprará mais produtos norte-americanos, incluindo de defesa e segurança, para reequilibrar o comércio.