China pode mirar mais alvos se retaliar Austrália por submarinos
O novo acordo de segurança para a região do Indo-Pacífico da Austrália com Estados Unidos e Reino Unido, que permite a aquisição de submarinos com propulsão nuclear, gerou uma rápida réplica verbal da China dirigida aos três países. Mas os chineses podem ter mais do que apenas palavras para o governo australiano.
Recentemente, a China tem respondido proporcionalmente ao que considera desfeitas da Austrália por meio de medidas comerciais punitivas que visam produtos como carvão, cevada, lagostas e vinho.
No caso de o governo chinês seguir um padrão semelhante sobre os submarinos nucleares, há vários setores que poderia ter como alvo.
Estes variam de carne de ovelha a amêndoas, quando as fronteiras sejam reabertas, além de educação internacional – uma das principais exportações de serviços da Austrália na pré-pandemia – e turismo.
“Reprimir estudantes chineses que estudam aqui – mesmo online – e turistas que os visitam são fortes candidatos para infligir danos econômicos significativos aos lucrativos setores de ensino superior e turismo em 2022”, disse Tony Makin, especialista em macroeconomia internacional e professor da Universidade Griffith.
A China começou a retaliar com medidas comerciais depois que, no início do ano passado, o governo australiano defendeu que investigadores independentes fossem a Wuhan para sondar as origens do coronavírus, o que foi visto pela China como um desafio à sua soberania.
Isso aconteceu na esteira do veto da Austrália à Huawei Technologies para a construção de sua rede 5G e regras mais rígidas de investimento para afastar a influência chinesa.
Sarah Hunter, economista-chefe do BIS Oxford Economics, elaborou uma medida de vulnerabilidade para commodities comercializadas com a China, segundo a qual produtos de maior risco são aqueles em que a Austrália é um pequeno produtor pelos padrões internacionais e/ou onde as importações em relação ao consumo total na China são muito pequenas.
“Mais produtos processados na área de alimentos, como laticínios e, potencialmente, carne, todos são itens onde há alternativas de suprimentos globalmente”, disse. “A Austrália não tem uma posição dominante, de modo que a substituição é muito mais fácil de conseguir e, portanto, esses são produtos que consideramos vulneráveis.”
Até o momento, não houve sinais de retaliação da China sobre o acordo de submarinos nucleares.
A China tem hesitado atingir o maior item de exportação da Austrália – o minério de ferro – pois ainda não consegue obter o metal nas quantidades necessárias em outros lugares. É um caso semelhante com a lã.