China: O que Dória — e a Vale (VALE3) — foram fazer no país?
O Brazil China Meeting, realizado entre 10 e 13 de janeiro, reuniu lideranças dos dois países em Shenzhen para discutir o que está em pauta entre as nações. O setor agro, exportações de minérios, investimentos em mobilidade e sustentabilidade foram os principais assuntos.
Organizado pelo LIDE, grupo cujo co-chairman é João Doria, ex-governador de São Paulo que esteve presente na reunião, e pelos jornais Valor Econômico e O Globo, além da rádio CBN, representantes da Vale (VALE3) e BYD também estiveram no local.
Confira o que foi mais comentado durante esses dias.
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Exportações de minérios crescem em conjunto com preocupações sobre sustentabilidade
O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, começou sua fala destacando que a parceria entre os Estados será intensificada nos próximos dois anos, por conta da presidência do Brics pelo Brasil, pelo encontro do G20 no Rio de Janeiro e a COP 30 em Belém.
Raul afirmou que são 100 projetos anunciados em desenvolvimento na área mineral entre 2023 e 2027, um investimento de 50 bilhões de dólares.
Entre as maiores exportações destacadas pelo presidente estão soja e derivados, petróleo e óleo bruto e minério de ferro. Especificamente no setor dos minérios estão ferro, bauxita e cobre.
Ele pontuou que há a necessidade de aprofundar os investimentos nos chamados minerais críticos, como cobre, alumínio, níquel e lítio, para que ocorra um desenvolvimento maior no setor de sustentabilidade. Essa é uma demanda que ocorre porque são esses os minerais que compõe painéis solares e baterias
Dauter Oliveira, diretor de desenvolvimento para a Ásia da Vale, também cita a pressão no mercado imobiliário, palco de desafios para a China. “O setor imobiliário está passando por uma certa pressão, mas acreditamos que vai haver uma transição do aço usado na construção civil para a utilização em carros elétricos e painéis elétricos”, completa.
Ele finalizou a fala afirmando que a empresa está sendo surpreendida pela demanda chinesa e acredita que o país asiático será um parceiro importante para o crescimento da Vale.
Brasil é parceiro estratégico na segurança alimentar chinesa
Para a senadora Kátia Abreu, o Brasil pode investir na cabotagem, uma oportunidade para investimentos privados, segundo ela, e na finalização da Ferrogrão, projeto que sai de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, em direção a Miritituba, no Pará. O objetivo é que os produtos saiam pelo porto de Belém e que sigam para a China pelo Canal do Panamá.
Para Kátia, é importante aumentar a linha marítima do Brasil. A senadora também reafirmou que a questão de armazenamento e logística são potentes o suficiente para oferecer produtos para clientes da China.
Durante o painel, foram citados os impactos do El Niño na produção agropecuária, que por vezes afeta as produções do país. Como solução, os representantes brasileiros afirmaram que a ciência, tecnologia e pesquisa podem compensar as possíveis perdas para continuar a fornecer para a China.
Investimentos em mobilidade também são discutidos
Entre os projetos que podem receber investimentos chineses estão: setores em privatização do estado de São Paulo (como a Sabesp e linhas da CPTM), investimentos em ônibus elétricos e projetos na Amazônia. Alguns dos entraves para essas possibilidades são a burocracia e licenciamento de obras.
Para Wilson Lima, governador do Amazonas, é necessário reconhecer que as regiões do Norte e Nordeste do país também têm importância para o Brasil e que devem receber mais investimentos em infraestrutura, afirmando que é necessário investir nesse setor nas regiões mais pobres do país.
Mario Ma, presidente da Hikvision no Brasil, afirmou que a empresa pode fornecer tecnologias que auxiliem na segurança pública, afirmando que o reconhecimento facial para analisar possíveis criminosos é possível. Entretanto, ele reitera que a empresa não guarda os dados obtidos por essas câmeras e que, portanto, há segurança de informações.
Outra empresa muito citada durante o evento foi a gigante BYD. A comitiva do LIDE visitou fábricas da empresa em Shenzhen e, no Brasil, a projeção do número de vagas previstas para a fábrica em Camaçari (BA) dobrou de 5 mil para 10 mil.
A empresa agora aguarda a conclusão da obra do monotrilho de São Paulo para fornecer os veículos que circularão em trilhos para ligar o aeroporto de Congonhas à estação Morumbi da CPTM.