China nega elaboração de diretrizes sobre captação, investimento para gigantes da internet
O regulador do ciberespaço da China negou nesta quarta-feira que esteja elaborando um documento com novas diretrizes exigindo que as grandes empresas de internet do país obtenham sua aprovação antes de realizarem qualquer investimento ou captação de recurso.
A negativa veio após o surgimento em rede social do país de um documento detalhando as diretrizes.
“A Administração do Ciberespaço da China (CAC) não emitiu este documento e a informação é falsa”, disse em sua conta oficial do WeChat, sem dar detalhes.
Não ficou imediatamente claro se a negativa se referia apenas à existência do documento ou aos seus planos de regulamentação adicional.
Mais cedo nesta quarta, a Reuters publicou, citando pessoas familiarizadas com o assunto, que o regulador chinês está elaborando novas regras que incluiriam a necessidade de aprovação para investimentos ou captação de recursos por algumas empresas.
Os requisitos propostos pela CAC se aplicaria a qualquer empresa de plataforma com mais de 100 milhões de usuários, ou com mais de 10 bilhões de iuans (1,58 bilhão de dólares) em receita, disseram as fontes.
Qualquer empresa de internet envolvida em setores mencionados na lista negativa emitida pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China (NDRC) no ano passado também precisará solicitar aprovação, disseram as fontes.
O regulador não respondeu a um pedido de comentário sobre o relatório e não pôde ser contatado imediatamente para mais comentários sobre sua negativa.
Algumas empresas de internet já foram informadas, disseram as fontes, e o projeto de regras ainda está sujeito a alterações.
Chen Weiheng, sócio e chefe do escritório de advocacia norte-americano Wilson Sonsini’s Greater China, disse que a “orientação de prática interna” do CAC, se confirmada, pode impactar significativamente o cenário de investimentos da internet e “até mesmo acabar com a era das grandes operadoras de plataformas de internet para construir um ecossistema através de investimentos”.
Algumas empresas como Alibaba, Tencent, Meituan e ByteDance foram submetidas ao longo do ano passado a uma série de punições, incluindo multas por não relatarem negócios anteriores e por comportamento considerado como monopolista pelo governo.
A partir de 15 de fevereiro, a China também exigirá que empresas com dados de mais de 1 milhão de usuários passem por uma análise de segurança antes de listarem ações no exterior.
A Tencent foi o terceiro investidor mais ativo da Ásia no quarto trimestre, com investimentos em 39 empresas, seguindo Sequoia Capital China e Hillhouse Capital, segundo dados da CBInsights. A Xiaomi investiu em 31 empresas no quarto trimestre.
O financiamento de risco da China totalizou 90,1 bilhões de dólares em 2021, um aumento de 52% em relação ao ano anterior, mostraram os dados.
Um investidor de private equity que não quis ser identificado disse que o projeto de regras pode fazer com que grandes empresas de internet diminuam seus investimentos, deixando mais espaço para startups menores e independentes sobreviverem e prosperarem.