Coronavírus

China não encontra novas variantes de Covid, mas ameaça persiste

16 jan 2023, 13:14 - atualizado em 16 jan 2023, 13:14
China
A China tem um claro interesse em permanecer oficialmente livre de novas variantes após anos de tensão geopolítica sobre a origem do vírus (Imagem: REUTERS/Aly Song)

A China ainda não detectou nenhuma mutação perigosa de Covid desde que abandonou as restrições rígidas que mantinham o vírus sob controle.

Isso reforça a esperança mundial de que uma nova variante, que poderia adiar a superação da pandemia, tenha menos probabilidade de surgir, mesmo diante da onda explosiva de infecções que a China enfrenta.

É uma perspectiva bem diferente de um ano atrás, quando a Organização Mundial da Saúde batizou uma cepa com a última letra do alfabeto grego. Agora resta pouco espaço na arquitetura do vírus para mutações importantes, de acordo com uma das principais autoridades científicas da China.

A maioria das mudanças que deram origem a novas variantes ocorreu na proteína pontuda usada pelo vírus para se prender a células saudáveis, que funciona de maneira semelhante a uma chave encaixada em uma fechadura.

As modificações em um importante aminoácido desta proteína estão perto da saturação, disse Zeng Guang, ex-cientista-chefe do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, em um seminário na quinta-feira, segundo o site de notícias Caixin.

Embora ainda seja possível que a variante ômicron possa evoluir ou sofrer mudanças, como a fusão com outros coronavírus, Zeng disse que tem “otimismo cauteloso” sobre o risco de variantes futuras.

A China tem um claro interesse em permanecer oficialmente livre de novas variantes após anos de tensão geopolítica sobre a origem do vírus.

Outros cientistas não são tão otimistas, e alertam que mesmo pequenas mudanças podem ser devastadoras e que o surgimento de mutações sempre foi aleatório e desafia previsões.

“A próxima variante virá no devido tempo, seja da China ou de outro lugar, e pode não ser da família ômicron”, disse Eric Topol, diretor do Scripps Research Translational Institute em La Jolla, Califórnia.

Preocupações globais sobre novas variantes ressurgiram nas últimas semanas, com países impondo restrições aos viajantes chineses, depois que o vírus rapidamente varreu o país mais populoso do mundo.

A ausência de informações abrangentes da China torna “compreensível” que outras nações adotem medidas que acreditam proteger suas populações, disse recentemente o diretor-geral da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus, que pediu mais detalhes para que a organização possa realizar uma análise de risco abrangente.