China mostra que rasga qualquer cartilha ocidental em nome de seus interesses comerciais
Como sempre as decisões sobre o comércio internacional chinês chegam a conta-gotas, sem muitos detalhes, bem ao estilo do governo em não gerar movimentos especulativos imediatos dos fornecedores globais.
Mas, invariavelmente, mostram a gestão firme dos interesses nacionais, pautada pelo pragmatismo, independentemente de questões ideológicas, ou, mesmo, contrariando premissas vistas do Ocidente sobre a dependência do país de importações de alimentos.
No primeiro caso, a decisão comunicada na sexta foi uma destas, sem maiores explicações, em relação à extensão da isenção às importações de produtos americanos, num ponto onde as disputas políticas estão no seu ponto máximo com a administração de Joe Biden.
Pequim anunciou que vai manter seguir beneficiando vários produtos dos Estados Unidos, por mais seis meses, num conjunto de itens que engloba produtos que foram liberados na fase I do acordo firmado entre Donald Trump e Xi Jinping e que tiveram impostos de importações reduzidos desde então.
A carne suína, por exemplo, pagava 12% e depois passou a pagar 8% para entrar na China.
Vários componentes tecnológicos e produtos de química fina estão na lista, desde que não estejam embargados pelas autoridades americanas.
O Brasil foi alvo recente da gestão comercial dos interesses chineses. Diante da proverbial necessidade de importações de carne bovina brasileira, o governo estendeu por mais de 3,5 meses a proibição ao produto nacional, após os casos da vaca louca.
O país nem ligou para o diagnóstico da Organização Mundial de Saúde Animal, atestando que os animais no Brasil estavam com a doença “atípica”, livre de contágios em humanos, e surpreendeu o mundo todo que não esperava que levasse tanto tempo para levantar o embago.
Certamente a China estava com estoques mais folgados – que ninguém nunca sabe -, e aproveitou para passar o recado ao governo brasileiro, sempre crítico ao parceiro comercial, enquanto controlava o apetite dos fornecedores por preços mais elevados.