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China manterá papel central para soja e tem estocado mais, diz diretor da Louis Dreyfus

22 maio 2025, 18:17 - atualizado em 22 maio 2025, 18:17
china louis dreyfus
(Foto: Reuters/Jorge Adorno)

Apesar dos esforços da China de buscar reduzir a fatia do farelo de soja na composição da ração animal, além da dependência das importações do grão, o país vai se manter como figura central nos próximos anos nesse mercado, avaliou nesta quinta-feira um alto executivo da Louis Dreyfus Company (LDC) no Brasil.

E, em meio a tensões comerciais com os Estados Unidos, o maior importador de soja do mundo elevou seus estoques da oleaginosa, observou o diretor executivo de Algodão, Grãos & Oleaginosas da Dreyfus no Brasil, Henrique Snitcovski, durante o AgroForum Cuiabá, promovido pelo BTG Pactual.

Ele lembrou durante o evento que a China tem um déficit de soja que resulta na necessidade de importação de pouco mais de 100 milhões de toneladas, o equivalente à produção somada do Mato Grosso e da Argentina.

Snitcovski reconheceu que a China quer reduzir a sua dependência de importações de soja, citando um menor uso de farelo na produção de ração e também eventuais ganhos de produtividades em suas lavouras.

Mas notou que, enquanto uma produtividade maior permitiria um “passo pequeno” naquele sentido para a China, o país alterou sua estratégia de estoques para um “controle das importações”.

“Uns anos atrás, a China carregava estoques estratégicos de 5 a 6 milhões de toneladas. Este estoque subiu para 10 a 15 milhões, e todo mundo falou, ‘opa’, mudou de patamar’. Hoje a gente fala em 30 milhões de toneladas de soja, mais ou menos, praticamente um terço da necessidade de importação do país”, destacou.

Sobre a incorporação de outros produtos na fabricação de ração, o executivo disse que no “final do dia” tudo vai estar relacionado à oferta e preços.

“Ainda assim, nos próximos anos, a China mantém esse papel central como principal importador, pela magnitude que é o mercado”, afirmou ele, citando ainda que uma demanda adicional virá de outros países do Sudeste Asiático e mesmo com o incremento do processamento no Brasil.

O diretor executivo de Algodão, Grãos & Oleaginosas da Dreyfus no Brasil destacou que o agronegócio brasileiro tem respondido às demandas com ganhos de produtividade, mas que é preciso investimento em infraestrutura e logística para a redução de custos do setor.

“É um ponto crucial”, disse ele.

A Dreyfus foi uma das empresas que arremataram direitos de arrendamento de terminais portuários para escoamento de produtos agrícolas em Paranaguá (PR), em abril.

“Não dá pra movimentar um grão de Mato Grosso para o porto de Santos custando praticamente três vezes mais caro do que levar do porto de Santos para o porto na China…”, disse.

O setor tem apostado, como alternativa, no incremento das exportações pelos portos do Norte do país.

“Se o Brasil é o celeiro do mundo e tem capacidade para continuar crescendo… precisa acelerar a competitividade interna, para que nessa expansão da próxima fase ele cresça em harmonia ou mais próximo de harmonia.”

Sem isso, gargalos logísticos serão gerados, trazendo ineficiências que levam à perda de oportunidades que se refletem nos preços, explicou Snitcovski.

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reuters@moneytimes.com.br
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