China liberaria produtos dos EUA de taxação para não pagar mais caro de outros, como do Brasil
Se confirmada a notícia de que a China excluirá a carne suína e a soja das taxações impostas aos Estados Unidos, a leitura a ser feita é de que o racionalismo falou mais alto do que o orgulho nacional supostamente ferido pela guerra comercial aberta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Simplesmente Pequim pode estar decidindo não querer pagar mais caro pelos produtos, mesmo se a trégua oferecida por Trump for blefe, isso se o despacho da Xinhua, agência de notícia estatal, relatado pela Reuters, estiver certo.
De nada adianta fazer contorcionismo para explicar o óbvio quando se encurta a concorrência internacional: a oleaginosa e a proteína animal são dois dos principais itens do agronegócio importados pela China. O primeiro, historicamente, e, o segundo, mais presente em 2019, com o avanço da peste suína africana, dizimando o plantel do país (e arredores), onde o porco tem a preferência.
Mantidas as taxas de 25% na importação dos produtos dos Estados Unidos, os preços pagos aos outros fornecedores mundiais passariam do limite do aceitável.
E as estatísticas deste ano, especialmente do segundo produto, mostram o quanto é duro para os chineses terem que pagar mais caro, além de aumentar compras internacionais de carnes bovina e de aves (igualmente mais salgadas) já que não há plantel de suínos no mundo com excedente para suprir a demanda da população.
O Brasil será o país mais afetado, já que concorre diretamente com os americanos no comércio dos dois produtos.
De janeiro a agosto, o Brasil embarcou US$ 466,1 milhões de carne de porco à China (incluindo Hong Kong), contra US$ 410 milhões do mesmo período de 2018. O volume foi praticamente a metade do total financeiro arrecado globalmente.
Só em preços, o suíno mundial que entrou na China, apenas de janeiro a março, teve aumento de 108%. E continua em alta.
Em soja, a Abiove tem estimativa de 72 milhões de toneladas em 2019. Ainda que menor que 2018, a entidade considerava um adicional de mais compras chinesas.
Ocorre que o mês passado a China já havia comprado menos do Brasil. E agora a luz amarela acendeu novamente se a soja americana não sofre mais o impacto de 25% em imposto de importação na internação no mercado chinês.