‘China já deu mostras que fará contramedidas’; entenda como vitória de Trump deve beneficiar carnes do Brasil
A vitória de Donald Trump na eleição dos Estados Unidos deve representar, segundo diferentes análises, deve representar o endurecimento das relações comerciais com a China.
Segundo Fernando Iglesias, analista de proteína animal da Safras & Mercado, o gigante asiático já deu mostras em 2024 de que irá apresentar contramedidas.
“Quando o Canadá, por exemplo, resolveu taxar os carros elétricos, a China respondeu tarifando a carne suína, além de ter feito isso para o conhaque e carne suína da União Europeia. Isso coloca o Brasil em uma posição privilegiada, já que nutrimos um bom relacionamento com o país”, comenta.
- GIRO DO MERCADO ESPECIAL: Acompanhe a decisão do Copom ao vivo a partir das 18:30 e saiba como a nova Selic vai mexer com seu bolso:
Com a endurecimento das relações comerciais entre China e EUA, muito provavelmente veremos o Brasil se consolidando como grande fornecedor de carnes com destino ao mercado chinês, vê Iglesias.
O protecionismo de Trump e um dólar mais forte
Na avaliação de Hyberville Neto, analista de HN Agro, a expectativa é de que o dólar se valorize. Esse cenário atrapalha os Estados Unidos na hora de exportar e torna os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional, dando mais espaço para valorização das proteínas em reais.
“E quando a gente pensa diretamente nos Estados Unidos, eles já estão com uma carne cara, só que a moeda deles ficando forte, isso deixa ainda menos atrativa a exportação deles. Por outro lado, fica mais barato para eles importarem, o que é interessante para o nosso comércio direto e indiretamente a gente tem Japão e Coreia do Sul como grandes compradores dos EUA, que sempre estão no radar do Brasil para abertura de novos mercados”, vê.
Agora, com um câmbio mais fortalecido nos EUA, isso acaba sendo um ponto favorável para entrada do Brasil nestes novos mercados.
“Outro ponto é que dependendo do atrito nas relações dos Estados Unidos com China, podemos ver benefícios para o Brasil, assim como ocorreu em 2018. Por outro lado, o Trump é protecionista e na hora que a oferta de carne começar a melhorar e o preço da arroba fique mais palatável, talvez isso gere um espaço para que ele proteja a cadeia do país, talvez não incluindo o Brasil na cota de carne bovina, que nós sempre buscamos crescer”.