Internacional

China investe mais em semicondutores e Brasil permanece entre briga de gigantes; entenda

27 maio 2024, 16:10 - atualizado em 27 maio 2024, 16:10
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Brasil permanece como objeto de atenção por China e EUA na batalha dos semicondutores (Imagem: Shutterstock/Tester128)

A China adicionou mais um capítulo em sua história de investimentos no setor de semicondutores. Dessa vez, o impulso foi para o Big Fund III, que agora acumula investimentos de 344 bilhões de yuans (ou aproximadamente R$ 250 bilhões).

As informações da plataforma Tianyancha, divulgadas pela Bloomberg, também confirmam os investimentos do governo e de bancos e empresas estatais, incluindo o Banco da Indústria e Comércio da China.

As notícias fizeram com que ações das principais empresas de chips chinesas avançassem nessa segunda-feira (27). Entre os destaques estão a Semiconductor Manufacturing International, maior fabricante de chips, que teve alta de 8,1% na Bolsa de Hong Kong, e a Hua Hong, que teve alta de mais de 10%.

As medidas do governo de Xi Jinping, entretanto, não são recentes. Há cerca de uma década, o fundo nacional de chips foi inaugurado com um aporte de 100 bilhões de yuans (cerca de R$ 71,4 bilhões) para investimentos.

Os incentivos na indústria de semicondutores do país, que conta com nomes como SMIC e Huawei, tenta alcançar fôlego enquanto os Estados Unidos (EUA) aumenta o número de sanções impostas ao país.

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Estados Unidos em batalha contra a China

Atualmente, os Estados Unidos lideram as atividades de pesquisa, desenvolvimento e design que envolvem os semicondutores, o quarto produto mais comercializado do mundo, entre o petróleo e automóveis.

Esses produtos são processadores presentes em diversos aparatos do dia a dia, desde celulares até carros.

Além dos EUA, Coreia do Sul, Japão, União Europeia, Taiwan e a própria China, líder na montagem, embalagem e testagem dos semicondutores, estão na disputa.

O país norte-americano vêm continuamente investindo em sua indústria, ao mesmo tempo em que tenta restringir cada vez mais o crescimento chinês.

Uma das principais medidas é a que afirma que empresas que recebem fundos dos EUA não podem participar de negócios que envolvem a produção de semicondutores mais complexos no gigante asiático.

Uma das aprovações importantes pelo governo norte-americano foi a da Lei dos Chips, aprovada em 2022 durante o governo de Joe Biden, que prevê, entre outras medidas, um pacote de US$ 39 bilhões em subsídios para fabricantes de chips.

A briga entre gigantes também envolve outro nome importante, a Nvidia (NVDC34), com os EUA tentando impedir a China de comprar os chips mais potentes da fabricante, utilizados também para investimentos maiores em Inteligência Artificial (IA), mas falhando em seu objetivo.

Brasil também está imerso em conflito

No Brasil, o destaque vai para duas áreas relacionadas aos semicondutores: a backend (finalização dos componentes) e a produção da matéria-prima necessária, como o silício e cobre.

Nacionalmente, há a tentativa de tentar estimular o setor, a partir de medidas como o Plano Brasil de Semicondutores, lançado em 2022, que objetiva aumentar a participação brasileira no setor de 2% para 4% até 2040.

Entretanto, já há olhares do exterior, com tanto China como Estados Unidos querendo tornar o país uma peça-chave na disputa.

Recentemente, os EUA têm realizado falas de promover o fomento da indústria de semicondutores não apenas no Brasil, mas em outros países próximos geograficamente, em uma estratégia de “nearshoring”.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviço do MDIC, Uallace Moreira, “os EUA possuem vários fundos para estimular a expansão de sua cadeia de suprimentos nos países próximos. E temos percebido um grande interesse deles em trabalhar com o Brasil, dada a nossa capacidade e o nosso potencial para atuar em alguns elos da cadeia”.

“Uma cooperação nesse nível expande nossa capacidade tecnológica, ao mesmo tempo, em que gera emprego de qualidade e melhor renda no Brasil”, complementa.

Mas o Brasil também não aparenta querer estar longe da China, seu principal parceiro comercial.

Em visita à China, em abril deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou acordos com o governo chinês que prevem incentivos a áreas como semicondutores, 5G e a construção de um novo satélite de monitoramento.