China incentiva empréstimo bancário para impulsionar a economia
O governo chinês está pedindo discretamente às instituições financeiras do país que aumentem os empréstimos após um início de ano lento, intensificando os esforços diante da menor expansão econômica desde o começo de 2020.
Em meados de janeiro, o banco central orientou grandes instituições estatais e regionais a conceder mais crédito a empresas e famílias, segundo pessoas a par do assunto, que pediram anonimato para discutir informações privadas
. Os empréstimos bancários nas duas primeiras semanas do ano ficaram abaixo do observado no mesmo período de 2021, disse uma das fontes.
A orientação do banco central ressalta a urgência dentro do governo de Xi Jinping de estabilizar a segunda maior economia do mundo antes da fundamental transição de liderança que acontecerá no final do ano.
A desaceleração da atividade — motivada por fatores como a crise do mercado imobiliário, a lentidão dos investimentos e a fraqueza do gasto do consumidor em meio à pandemia — já levou o banco central a baixar juros e prometer mais medidas de apoio à demanda.
A virada da China em direção ao estímulo monetário entrou no foco dos investidores globais. O país asiático diverge de grandes economias como os EUA, onde o Federal Reserve se prepara para subir juros.
As ações de companhias imobiliárias e bancos chineses dispararam nos últimos dias, enquanto os rendimentos dos títulos do governo caíram, com os mercados se posicionando para uma maior flexibilização por parte do banco central local.
Um risco para as autoridades é que a procura por empréstimos permaneça fraca apesar do estímulo do governo. Os empreendimentos locais diminuíram investimentos e continuaram relutantes em contrair empréstimos no quarto trimestre.
Além disso, os custos de financiamento das pequenas empresas subiram apesar das políticas favoráveis, informou a China Beige Book International em relatório divulgado no mês passado.
Os novos empréstimos anuais atingiram um recorde de 19,95 trilhões de yuans (US$ 3,1 trilhões) em 2021, mas os empréstimos corporativos de longo prazo recuaram nos últimos meses.
O banco central não respondeu a um pedido de comentário da reportagem na sexta-feira. A entidade vai introduzir mais programas e tomar precauções para estabilizar o crescimento econômico, afirmou seu vice-presidente, Liu Guoqiang, durante entrevista coletiva na quarta-feira.
Autoridades reguladoras pediram no mês passado que os bancos aumentem os empréstimos imobiliários neste primeiro trimestre de 2022 após pelo menos dois trimestres de quedas consecutivas, segundo pessoas com conhecimento do assunto.
As autoridades também flexibilizaram uma restrição importante ao endividamento das incorporadoras, sinalizando maior preocupação com a crise de liquidez do setor.
Em setembro, os bancos chineses eram credores de 51,4 trilhões de yuans em empréstimos em aberto ao setor imobiliário, que é o maior responsável pela exposição dos bancos, com 27% do total de empréstimos do país, segundo dados oficiais.