China flexibiliza regras para testes em guinada da Covid Zero
Autoridades flexibilizaram as normas para testes de Covid nas principais cidades da China no fim de semana. O governo de Pequim parece planejar uma transição gradual de sua rigorosa política de Covid Zero em meio a casos elevados e protestos da população.
O centro financeiro de Xangai, que passou por um lockdown exaustivo de dois meses no início do ano, suspendeu a partir desta segunda-feira a exigência de testes de PCR para entrar em locais públicos ao ar livre, como parques, ou usar transporte público, disseram autoridades da cidade em comunicado.
As medidas “continuarão a ser otimizadas e ajustadas” de acordo com a política nacional e a situação local, segundo a nota.
Hangzhou, sede da gigante de tecnologia Alibaba Group, também eliminou a necessidade de testes para entrar na maioria dos locais públicos, incluindo escritórios e supermercados, e para o transporte público.
Os testes não serão mais necessários para comprar certos medicamentos, disseram as autoridades da cidade em comunicado.
Nesta segunda, cidades como Shenzhen, Dalian e Jiangxi, e províncias como Shandong haviam seguido o exemplo ao flexibilizar as exigências de testes.
Os anúncios seguem sinais de autoridades do governo para um período de alívio das duras medidas de combate à Covid, que afetaram a economia e levaram milhares de manifestantes a sair às ruas para expressar seu descontentamento com a política.
A vice-primeira-ministra da China, Sun Chunlan, disse na semana passada que o controle da pandemia no país entrou em uma nova fase. Confrontado com desafios e tarefas, o governo tomará medidas de menor porte e consistentes para otimizar as medidas contra a Covid, disse.
A China pode anunciar 10 medidas adicionais contra a Covid já na quarta-feira, informou a Reuters, sem detalhar quais seriam.
O país deve rebaixar sua gestão da Covid-19 como uma doença infecciosa de categoria A de nível superior para a categoria B já em janeiro, de acordo com a agência de notícias.
A curva de contágios do país está em declínio, com 29.171 casos de Covid registrados no domingo, o menor número em quase duas semanas.
A propagação da doença atingiu um pico de quase 40.000 casos no fim de novembro, o que pode ser em parte devido à redução dos testes em massa, já que alguns casos assintomáticos permanecem não detectados.
No entanto, a flexibilização da política de Covid Zero começa a partir de normas ainda rigorosas: regras rígidas de testes permanecem em vigor. Por exemplo, com a exigência de resultados negativos para a entrada em áreas internas como escritórios. Cidades que enfrentam ondas de Covid, como Pequim, Guangzhou e Chongqing, estão paralisadas com escolas e locais de lazer fechados.
As restrições também começam a ser revertidas na cidade de Zhengzhou, sede da maior fábrica da Apple na China. Autoridades anunciaram no domingo o fim imediato do teste obrigatório de Covid para entrar em ônibus, metrô, táxis e outros locais públicos, além de quem sai da cidade ou frequenta bares de karaokê e cibercafés.
A Foxconn Technology Group, que opera a maior fábrica de iPhones do mundo, continua com o sistema de circuito fechado, o que restringe a movimentação de trabalhadores a seus dormitórios e à fábrica, de acordo com aviso publicado no aplicativo de mensagens WeChat.
A cidade de Wuhan, onde o coronavírus foi identificado pela primeira vez há cerca de três anos, informou que vai suspender a exigência de testes para o metrô, enquanto a cidade de Lhasa pretende retomar as operações de ônibus interrompidas anteriormente.
As bolsas chinesas embarcaram em um rali recentemente, impulsionadas pelo crescente otimismo de que a China começará a flexibilizar a política de Covid Zero. Em Hong Kong, o índice Hang Seng China Enterprises subiu 29% em novembro, o que marcou seu melhor mês desde 2003, enquanto o indicador de referência Hang Seng registrou o maior ganho mensal desde 1998.