China está determinada a cortar produção de aço, dizem analistas
A indústria siderúrgica da China corre risco de significativa “retração da oferta guiada por políticas” no segundo semestre, já que o governo chinês leva a sério o objetivo de reduzir a produção para cumprir suas metas de carbono, segundo a consultoria Mysteel.
A China havia estipulado que a produção de aço no ano passado, que superou 1 bilhão de toneladas, seria um teto para o setor que contribui com mais de 15% das emissões do país. Mas essa meta está em risco, pois a produção nos primeiros cinco meses totalizou 473 milhões de toneladas impulsionada pelos preços recordes, o que incentivou usinas a produzir ainda mais metal.
Com isso, a China, maior produtora de aço do mundo, precisa cortar a produção em mais de 50 milhões de toneladas nos últimos seis meses, segundo o relatório mensal mais recente da empresa de pesquisa com sede em Xangai.
O risco é que os preços do aço, que desaceleraram desde o pico de maio, voltem a subir e ameacem o esforço do governo chinês para frear os preços das commodities. Ainda assim, é provável que o país precise de menos aço no segundo semestre devido à típica queda da atividade de construção durante o verão na China. A retirada gradual das medidas de estímulo da pandemia, que ajudaram a elevar a demanda, também deve pesar.
Anhui, uma das províncias de menor produção, recebeu ordem do governo central para reduzir o volume produzido, de acordo com Mysteel, uma solicitação que também deve ter sido encaminhada para polos de aço maiores. O governo da província de Anhui não estava disponível para comentários. Em nota, o Citigroup disse que mais regiões podem seguir os mesmos passos com as metas de produção, o que ajudará as margens das siderúrgicas.
A Mysteel estima leve queda da produção nacional em junho na comparação anual. A produção em julho deve cair ainda mais, com queda de até 10 milhões de toneladas devido às medidas do governo de Pequim para reduzir as emissões, segundo a empresa de pesquisa. Autoridades do governo começaram a visitar siderúrgicas do país no mês passado, em um esforço conjunto para garantir que a capacidade desatualizada tenha sido eliminada.