China e as empresas estatais: reformas vêm por aí?
A China diz que há uma necessidade contínua de “aprofundar” a reforma das empresas estatais, chamadas de SOEs. Em 2021, os ativos das SOEs representaram quase 60% dos ativos totais e as receitas das empresas estatais chinesas representaram quase 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Embora as empresas estatais tenham histórica e notoriamente sido menos eficiente do que as empresas privadas em termos de retornos sobre ativos, as autoridades chinesas têm sido consistentes ao pedir para que as SOEs tornem-se “maiores, melhores e mais fortes” – por razões econômicas e políticas – visando a competitividade nos mercados globais.
Na última contagem, havia 98 gigantes SOEs controladas pelo governo chinês. Tidas como pilares fundamentais da economia da China, as empresas estatais podem executar políticas governamentais mais rapidamente, permitindo aos líderes chineses maior controle da economia, tanto para acelerar a indústria quanto para mitigar potenciais riscos.
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Empresas chinesas: Público x Privado
Essa estratégia faz parte dos “Dois princípios inabaláveis”, que foram enfatizados no relatório ao 20º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCCh): melhorar a competitividade das empresas estatais e otimizar o ambiente de desenvolvimento para empresas privadas.
Para tanto, são adotadas políticas específicas para a remoção de taxas arbitrárias e multas sobre as empresas privadas, de um lado; e para resolver o problema das contas em atraso das estatais, de outro. Afinal, por serem empresas públicas, de propriedade do Estado, parecem sentir-se menos obrigadas a pagar suas contas e suas dívidas aos governos – uma prática comum que o PCCh está determinado a mudar.
Assim, a reforma das empresas estatais requer diversas medidas específicas: responsabilidade do Conselho de Administração, incluindo investidores privados em modelos de propriedade mista e incentivando as empresas a ousar aventurar-se, investir, assumir riscos e criar ativamente mercados.
Entenda o cenário empresarial chinês
Vale lembrar que as reformas anteriores das empresas estatais, em curso desde o fim da década de 1970, incluíam métodos gerenciais, sistemas corporativos e de controle e supervisão, inclusive dos ativos estatais.
Já as reformas mais recentes incluíram reformas de empresas de propriedade mista e estatais de investimento de capital.
Agora, as reformas atuais enfatizam as funções essenciais das empresas estatais, como o foco em tecnologia; digitalização interna e externa; fortalecimento da governança corporativa; incentivos aos funcionários; rentabilidade e fluxo de caixa; e novos sistemas de avaliação. Tudo isso para melhorar a competitividade das empresas estatais no mercado.
Agora é dada a preferência a empresas públicas orientadas à inovação e tecnologias especializadas e sofisticadas visando a criação de produtos inovadores e práticos.
China versus mundo
O principal objetivo dessa estratégia de usar as empresas estatais é desenvolver, atualizar e liderar tecnologias de ponta, buscando alcançar a fabricação de ponta e a economia digital das economias industriais avançadas, como os Estados Unidos, onde tecnologias inovadoras e produtos transformadores provêm de pequenas e médias empresas empreendedoras.
Segundo o ranking Fortune Global 500 de 2022, a China tinha o maior número de empresas, superando os dos EUA, com 136 ante 124. A China possui mais empresas na lista do que o Japão, Alemanha, França e Reino Unido juntos.
Vale ressaltar que 71% das empresas chinesas no Fortune Rankings são estatais, representando 78% da receita total e 84% do ativo total.
Ou seja, as empresas chinesas detêm os maiores ativos combinados, mas a menor rentabilidade em termos de margens de lucro e retornos sobre ativos. Portanto, uma boa maneira de avaliar e prever o desempenho econômico da China é acompanhar a reforma e a rentabilidade das empresas públicas.