China dá xeque mate no Brasil em 2022 ao oscilar entre Covid zero e incentivo aos mercados
A China é a segunda maior economia do mundo, só que para o Brasil é muito mais que isso.
Trata-se do nosso maior parceiro comercial, a grande consumidora de commodities e materiais básicos. Acontece que os rumos incertos do outro lado do planeta podem acabar com as esperanças de festa na Bolsa brasileira.
Diferente do que tem sido observado no Ocidente, a China não fez política fiscal durante o auge da pandemia de Covid-19.
Enquanto bancos centrais mundo afora sobem taxas de juros para conter a inflação, Pequim tem cortado taxas de empréstimos e de compulsórios, incentivando como pode sua economia. Especialistas ouvidos pelo Money Times veem muitos desafios no horizonte chinês.
“No quesito política monetária, a China adotou um tom frouxo e de incentivo ao consumo. No entanto, o setor imobiliário do país opera a duras penas com a capacidade de compra do chinês bastante enfraquecida. Tudo isso se soma à abordagem de tolerância zero à Covid”, explica Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital.
Apesar do PIB da China ter crescido 4,8% no primeiro trimestre de 2022, em comparação com a alta de apenas 1% do Brasil, para o padrões chineses existe um claro sinal de desaceleração econômica.
Nem aqui, nem na China
Nogueira insiste no alerta para o setor imobiliário chinês na reta final de 2022. O ramo é bastante demandante de materiais básicos, como o minério de ferro exportado pelo Brasil, principalmente pela mineradora Vale (VALE3).
Acontece que se os imóveis continuam muito caros para os chineses comprarem, ainda que Pequim não suba os juros, a dinâmica negativa lá pode acabar contaminando as ações listadas aqui no Brasil.
Isso ficou mais evidente quando a China se fechou para o mundo nos últimos tempos para conter surtos de Covid-19 em algumas partes do país. As primeiras ações brasileiras a sentirem o baque foram as exportadoras de commodities.
Nesta reta final de junho, o Ibovespa (IBOV) retomou o patamar de 100 mil pontos basicamente porque a China aliviou suas medidas de circulações de pessoas e dando a entender que o apetite chinês segue voraz.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) espera que o PIB chinês em 2022 suba 4,4% e avance 5,1% no ano de 2023, de acordo com relatório mais recente divulgado em abril.
Na comparação com as previsões do FMI em janeiro, o órgão internacional cortou suas apostas para a China em 0,4% nesse ano e em 0,1% em 2023.
Dois capitalismos na China
Todas as promessas de crescimento feitas pela China em 2022 não só dizem respeito ao futuro do Brasil e do mundo, mas bem como também ao próprio partido comunista chinês, atualmente chefiado por Xi Jinping.
O líder chinês precisa mostrar resultados para garantir mais um mandato em dezembro, após mudanças na constituição.
O especialista em Relações Internacionais e professor na ESPM, Leonardo Trevisan, considera que a China tem duas realidades para lidar num semestre complexo à frente.
“Além de conteúdos políticos e sanitários, Xi Jinping terá de lidar com dois espinhos perante o sistema chinês. A escolha entre os capitalismos de infraestrutura ou de startups. Revendo seus objetivos, o partido comunista deve abraçar os dois”, salienta Trevisan.
A China pretende não só dominar os mercados de materiais básicos, construção civil e imobiliário, mas também deseja ditar as regras em termos tecnológicos, e nisso já tem se posicionado através das gigantes Huawei, Alibaba (BABA34) e Tencent.
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