China corre risco de ter crescimento ‘muito abaixo’ de 4%; entenda
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, alertou nesta quinta-feira (24) que o crescimento econômico anual da China pode cair para “muito abaixo” de 4%, a menos que o país realize reformas para aumentar o consumo interno.
Segundo Georgieva, um dos maiores obstáculo para a melhoria da confiança do consumidor chinês é o setor imobiliário em queda, e devem ser tomadas medidas para lidar com isso.
O FMI cortou a taxa de crescimento da China em 2024 em 0,2 ponto percentual, para 4,8%, com o impulso das exportações líquidas compensando parcialmente a fraqueza contínua no setor imobiliário e a baixa confiança do consumidor.
A previsão do FMI de crescimento da China em 2025 permaneceu em 4,5%, mas a perspectiva não inclui nenhum impacto dos planos de estímulo fiscal recentemente anunciados.
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No terceiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 4,6%, quando comparada com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS) divulgados na semana passada.
O resultado ficou abaixo dos três meses anteriores, quando foi registrada uma expansão de 4,7%, mas veio acima das projeções de 4,5%. Além disso, de janeiro a setembro, PIB da China cresceu 4,8%, abaixo da expectativa de 4,9%.
Além de os números não surpreenderem tanto, a China está tendo dificuldades de convencer o mercado de que as medidas de estímulos à economia vão de fato acelerar o consumo no país.
O setor imobiliário chinês, que já representou cerca de 20% do PIB do país, enfrenta desaceleração desde 2021, com as vendas de imóveis caindo em torno de 20% neste ano. A economia local vem sofrendo não só com uma desaceleração econômica geral, mas também com pressões deflacionárias, excesso de estoque imobiliário e com os efeitos dos cortes de financiamento do governo durante a pandemia.
China: Veja as medidas econômicas que já foram anunciadas
Desde o mês passado, a China já anunciou diversas medidas econômicas, mas poucas realmente agradaram os investidores. Entre elas está a implementação de “gastos fiscais necessários” para atingir a meta de crescimento econômico deste ano de aproximadamente 5%.
O banco central da China, por exemplo, divulgou o seu mais agressivo afrouxamento monetário desde a pandemia, sinalizando cortes em uma ampla gama de taxas de juros e uma injeção de liquidez de 1 trilhão de iuanes (US$ 140 bilhões) no sistema financeiro.
Os bancos também reduziram as taxas de hipoteca para empréstimos imobiliários existentes antes de 31 de outubro, como parte de medidas abrangentes a fim de apoiar o mercado imobiliário do país.
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Já o governo chinês adiantará 100 bilhões de yuan (cerca de US$ 14,1 bilhões) do orçamento de investimento de 2025 e outros 100 bilhões de yuan serão destinados para projetos de construção. Além disso, continuará com a emissão de títulos governamentais especiais de prazo ultralongo para o ano que vem.
Também foi prometido um aumento “significativo” no endividamento do governo para reanimar a economia, mas isso deixou os investidores em dúvida sobre o tamanho geral do pacote de estímulo.
Por fim, na semana passada, foi anunciada a ampliação da lista de projetos habitacionais elegíveis para financiamento e aumentará os empréstimos bancários para esses empreendimentos para 4 trilhões de iuanes (US$ 562 bilhões) até o final do ano.
*Com informações da Reuters