China condena ‘choques tarifários’ de Trump na OMC; EUA revidam
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A China condenou as tarifas anunciadas ou ameaçadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) na terça-feira, alertando que tais “choques tarifários” ameaçam derrubar o sistema de comércio global e arriscam causar uma recessão global.
Trump anunciou tarifas abrangentes de 10% sobre todas as importações chinesas, o que levou Pequim a responder com tarifas retaliatórias e a entrar com uma contestação na OMC contra Washington, no que pode ser um teste inicial da postura de Trump em relação à instituição.
“Esses ‘choques tarifários’ aumentam a incerteza econômica, desorganizam o comércio global e arriscam causar inflação doméstica, distorção do mercado ou até mesmo recessão global”, disse o embaixador da China na OMC, Li Chenggang, em uma reunião a portas fechadas do órgão de comércio global, de acordo com um comunicado enviado à Reuters.
“Pior ainda, o unilateralismo dos EUA ameaça derrubar o sistema de comércio multilateral baseado em regras.”
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O enviado dos EUA, David Bisbee, respondeu às críticas, chamando a economia da China de “sistema econômico predatório e não mercantil”.
“Já se passaram mais de duas décadas desde que a China entrou para a OMC, e está claro que a China não cumpriu o acordo que fez com os membros quando aderiu”, disse ele. “Durante esse período, a China produziu um longo histórico de violações, desrespeitos e evasões das regras da OMC.”.
Apenas alguns outros países se juntaram ao debate, de acordo com duas fontes que participaram da reunião. Alguns deles expressaram profunda preocupação com o fato de as tarifas representarem um risco para a estabilidade do sistema de comércio global, enquanto outros criticaram a China por supostas distorções de mercado, disseram as fontes.
A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, também se dirigiu à sala e reiterou o pedido de calma. “A OMC foi criada precisamente para administrar momentos como este – para oferecer um espaço para o diálogo, evitar que os conflitos se agravem e apoiar um ambiente comercial aberto e previsível”, disse ela.
A discussão da OMC, que começou na terça-feira, é a primeira vez que os crescentes atritos comerciais serão formalmente abordados na agenda do principal órgão decisório da instituição, o Conselho Geral.