China começa a permitir calotes de gigantes, diz Goldman Sachs
O tamanho e o tipo dos calotes vistos na China ultimamente indicam que o conceito de “grande demais para quebrar” talvez não se aplique mais aos devedores do país, segundo o Goldman Sachs Group.
Houve um aumento perceptível na inadimplência por parte das empresas estatais desde o final de 2019 e algumas das companhias que não conseguiram pagar dívidas recentemente — como a China Fortune Land Development — tinham grandes quantidades de títulos pendentes, de acordo com relatório escrito por analistas incluindo Kenneth Ho e publicado na sexta-feira.
“Mesmo para grandes corporações ou entidades ligadas ao estado, as autoridades estão muito menos dispostas a estender apoio”, segundo os analistas do Goldman. “As autoridades agora estão menos propensas a fazer resgates do que estavam no passado.”
As preocupações com a saúde financeira de uma gestora de créditos de recebimento duvidoso apoiada pelo governo — a China Huarong Asset Management, que tem cerca de US$ 21 bilhões em dívidas denominadas em dólar em circulação — abalam o mercado asiático de títulos em dólares desde abril.
O fato de a gestora não ter conseguido divulgar resultados financeiros gerou especulações sobre uma potencial reestruturação da dívida.
Embora o tratamento de casos recentes de endividamento sinalize diminuição do apoio governamental implícito para os devedores, a mudança não significa que o governo acabou com as medidas de apoio, de acordo com analistas do Goldman.
A decisão de oferecer ou não apoio provavelmente será influenciada pela necessidade de prevenir pressões sistêmicas e limitar o contágio, escreveram os analistas.
Ainda que o surgimento de problemas sistêmicos seja improvável, riscos idiossincráticos de crédito tendem a permanecer elevados, segundo eles.
O apoio governamental não se limitou a empresas estatais. No último ano, governos locais também agiram para ajudar empresas privadas, incluindo a construtora China Evergrande Group, de acordo com os analistas.
Entidades apoiadas por governos municipais na província de Guangdong compraram participação em uma subsidiária da Evergrande, quando a companhia (também a maior emissora de títulos de alto risco da Ásia) enfrentava um aperto de liquidez.
Depois de superar tensões financeiras no segundo semestre de 2020, os títulos denominados em dólar da Evergrande sofreram outro tombo recente após notícias de que as autoridades reguladoras investigam suas ligações com o Shengjing Bank, no qual possui participação.
A Evergrande declarou que suas relações com o banco estão em conformidade com a legislação chinesa.
As preocupações com os títulos de alto rendimento de companhias do setor imobiliário devem permanecer elevadas no curto prazo, de acordo com os analistas do Goldman.