Internacional

China: ‘Boom’ de vendas online pode fracassar, com lockdowns e vendas antecipadas

16 nov 2022, 15:37 - atualizado em 16 nov 2022, 15:41
Varejo China
Enquanto Pequim não divulga os dados exclusivos do mês para as vendas online de varejo, analistas estimam um aumento de 15% apenas em outubro, de acordo com cálculos do Citi, Jefferies e Nomura (Imagem: Pixabay/PublicDomainPictures)

O salto nas vendas online no varejo da China em outubro provocou o crescimento nas ações de algumas das maiores empresas de internet do país, marcando o aumento acima de 10% desde o começo do ano. Mas, segundo analistas, a “festa” pode não durar, inflamada por lockdowns e vendas antecipadas.

Enquanto Pequim não divulga os dados exclusivos do mês para as vendas online de varejo, analistas estimam um aumento de 15% apenas em outubro, de acordo com cálculos do Citi, Jefferies e Nomura.

Com a notícia do crescimento das vendas online, o índice Hang Seng Tech de Hong Kong subiu 7,3% na terça-feira após registro de salto nas ações das empresas Alibaba Group Holding, Kuaishou Technology, JD.com e Bilibili.

Apesar da euforia do mercado, acompanhado de perto por investidores de gigantes da tecnologia do país, analistas afirmam que os impulsionadores do crescimento em outubro podem desaparecer nos próximos meses.

Uma das razões que reforçaram as vendas pode ser uma antecipação maior que o usual do festival de compras do e-commerce Double-11, maior evento promocional online da China, que acontece por volta de 11 de novembro.

“Se nossa análise estiver correta, devemos ver dados de vendas online em novembro bastante fracos”, analistas do Citi disseram por meio de nota.

O comunicado ainda acrescenta que dezembro aponta uma “tendência relativamente decente”, caso as políticas de combate à covid-19 aumentarem a confiança do consumidor e o clima mais frio levar a gastos discricionários mais altos.

Outros especialistas apontam o fato de que as vendas de varejo na China apresentaram queda de 0,5% no total do ano em outubro, marcando também o primeiro declínio em cinco meses. E economistas lembram que uma reviravolta é improvável até o final do ano, em parte porque as autoridades não parecem ter interesse em abandonar completamente medidas de combate à covid-19 em breve.

“Acreditamos que ainda é possível ver lockdowns intermitentes em algumas cidades, embora de uma forma mais direcionada”, disse Tao Wang, economista-chefe para a China do UBS Investment Bank Research. “Isso pode continuar a impactar no consumo e atividades de serviço”.