Direitos Humanos

China alerta EUA sobre projeto de lei para minoria muçulmana; acordo em xeque

04 dez 2019, 10:09 - atualizado em 04 dez 2019, 10:09
Muçulmanos Islamismo Religião
Câmara dos EUA quer reação mais dura o tratamento dado por Pequim à sua minoria muçulmana uigur (Imagem: Rifky Nur Setyadi/Unsplash)

A China alertou nesta quarta-feira que um projeto de lei da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos que pede uma reação norte-americana mais dura ao tratamento dado por Pequim à sua minoria muçulmana uigur impactará a cooperação bilateral, aumentando as dúvidas a respeito de um acordo próximo para encerrar a guerra comercial entre os dois países.

As expectativas de um acordo rápido arrefeceram, já que na terça-feira o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que ele pode só sair no final de 2020.

A aprovação da Câmara à Lei Uigur de 2019, que ainda tem que ser aprovada no Senado de maioria republicana antes de ser enviada a Trump, revoltou Pequim e tensiona ainda mais um relacionamento já difícil.

Várias fontes a par da postura chinesa disseram à Reuters que o projeto de lei pode ameaçar o chamado acordo comercial da fase um, já repleto de desentendimentos e complicações.

Como uma nova rodada de tarifas norte-americanas a produtos chineses deve entrar em vigor em menos de duas semanas, a possibilidade de outra crise só aumenta.

Ministério das Relações Exteriores da China Hua Chunying
Hua disse que a China não estabelecerá nenhum cronograma ou prazo para um acordo comercial (Imagem: Reuters/Jason Lee)

“Vocês acham que, se a América adotar ações para prejudicar os interesses da China, nós não adotaremos nenhuma ação?”, reagiu a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, aos repórteres quando indagada se o projeto de lei dos uigures afetará as negociações comerciais. “Acho que quaisquer palavras e gestos errados devem pagar o devido preço.”

Hua disse que a China não estabelecerá nenhum cronograma ou prazo para um acordo comercial e adotará contramedidas “decisivas” para defender seus interesses se o protecionismo e o assédio de Washington no comércio continuarem. Ela não detalhou quais seriam as medidas.

Uma autoridade chinesa, que não quis ser identificada, alertou que a implantação da nova rodada de tarifas norte-americanas em 15 de dezembro será recebida pela China com tarifas retaliatórias – um resultado que, segundo a autoridade, prejudicará seriamente as negociações em andamento.

Outro funcionário chinês, que tampouco quis ser identificado, disse que pode levar muito tempo para Washington e Pequim firmarem um pacto se não conseguirem encontrar uma maneira de fazê-lo enquanto “o ferro está quente”.

O projeto de lei dos uigures, que foi aprovado por 407 a 1 na Câmara controlada pelos democratas, exige que o presidente dos EUA repudie os abusos contra muçulmanos e peça o fechamento dos campos de detenção em massa de Xinjiang, região do oeste chinês.

Pequim classificou o projeto de lei como um ataque mal-intencionado contra a China, exigiu que os EUA não permitam que ele seja sancionado e disse que agirá para defender seus interesses se necessário.

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