Chile vê economia em emissão de títulos verdes
Há um benefício de preço para emissores que tomam empréstimos para financiar projetos ecológicos, de acordo com o governo do Chile, e o país avalia emitir outros tipos de dívida sustentável.
O Ministério da Fazenda do Chile disse que conseguiu “baixos retornos recordes” em títulos verdes de longo prazo denominados em dólar e em euro, que totalizaram US$ 4,4 bilhões no mês passado.
O governo economizou até 10 pontos-base em euros e até 5 pontos-base em dólares, disse Andrés Pérez, coordenador de Finanças Internacionais do Chile.
Até o momento, o Chile emitiu US$ 6,2 bilhões para financiar projetos verdes, que incluem transporte limpo, energia renovável, gestão de água e edifícios verdes, segundo o Ministério da Fazenda.
O país é o único emissor soberano de títulos verdes nas Américas, segundo dados compilados pela Bloomberg.
O Chile estuda emitir outros tipos de dívida sustentável no próximo ano, disse Pérez, citando como exemplo a emissão de títulos sociais soberanos de US$ 400 milhões pelo Equador em janeiro.
“Grande parte de nossos gastos fiscais está relacionada a tipos sociais de despesas”, disse Pérez.
Liderança pelo exemplo
O Chile espera que seu sucesso no mercado de títulos verdes indique o caminho para emissores do setor privado.
Investidores de crédito punem empresas que não prestam atenção suficiente aos riscos ambientais, sociais e de governança.
Essa atenção pode mudar para emissores soberanos nas próximas décadas, especialmente países que são mais dependentes de setores com alto volume de emissões do que outros, de acordo com o Grantham Institute, da London School of Economics.
Emissores da América Latina, que incluem o setor privado, podem captar até US$ 7 bilhões para projetos ecologicamente corretos este ano, de acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Em novembro do ano passado, o congresso chileno orçou US$ 8,7 bilhões para emissões de títulos em 2020, sendo US$ 5,3 bilhões vendidos no exterior.
O Escritório de Dívida Pública precisaria da aprovação do congresso para emitir mais e não tem planos para isso, disse Pérez.
É provável que o Chile fique nos mercados de dólar e euro para emissão de moeda estrangeira. “A exigência parece ser relativamente alta em termos de curvas em desenvolvimento em outros mercados”, disse Pérez.