Chile avalia ajuda financeira para projetos de hidrogênio verde
O governo do Chile estuda maneiras de aumentar a atratividade de projetos de hidrogênio verde em meio à iniciativa do maior produtor mundial de cobre de se tornar neutro em carbono.
“Estamos elaborando um mecanismo que esperamos anunciar nos primeiros dias de novembro”, disse o ministro de Energia, Juan Carlos Jobet, em entrevista em Santiago. “Tem a ver com aporte financeiro para permitir que investidores tenham retorno durante as fases iniciais dos projetos.”
O hidrogênio verde – produzido pela extração do gás da água usando eletrolisadores movidos a energia eólica e solar – é visto como fundamental para eliminar emissões de carbono do setor industrial, que agora depende do gás natural como fonte de combustível e matéria-prima.
Aumentar a produção chilena ajudaria o país a cumprir sua meta de se tornar neutro em carbono até 2050, como também facilitar a migração de mineradoras para um combustível mais limpo em um momento de crescente escrutínio de investidores.
A produtora de cobre Antofagasta disse nesta semana que estuda usar caminhões movidos a hidrogênio.
O ministro tem conversado com investidores internacionais para mostrar os benefícios da produção do combustível no Chile, que possui considerável capacidade solar no norte do deserto do Atacama e eólica no sul.
A construção de uma primeira unidade de produção eólica de hidrogênio na região de Magallanes, no extremo sul do Chile, deve começar antes do fim do ano, disse Jobet.
Inicialmente, o custo seria entre US$ 5 e US$ 6 por quilo, mas o governo espera que o custo caia para menos de US$ 1,50 por quilo antes do final da década, disse Jobet.
Outros países encontraram maneiras de baratear o combustível. Portugal anunciou que poderia começar a produzir hidrogênio verde a US$ 4 o quilo usando energia eólica.
Para competir com o hidrogênio produzido a partir de combustíveis fósseis, o custo teria que cair para menos de US$ 1 por quilo, de acordo com a BloombergNEF.
Jobet disse que os investidores com quem falou não mostraram preocupação com a votação dos chilenos sobre uma nova Constituição em outubro, mesmo com o impacto da questão sobre o valor do peso.
“O Chile assinou tratados internacionais com países que representam 86% do PIB global, com cláusulas que protegem o investimento estrangeiro”, disse Jobet. “A nova Constituição não vai apagar nada disso.”