Bancos

Cheque especial: Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil perderão menos do que se diz

28 nov 2019, 11:30 - atualizado em 28 nov 2019, 11:30
Sob controle: para o Credit Suisse, perdas de bancos não serão tão impactantes (Imagem: Pixabay)

Haverá caras feias e críticas ao intervencionismo do governo no setor financeiro, mas o fato é: esqueça as manchetes. Os grandes bancosItaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11) – perderão menos do que se pensa, com as medidas anunciadas na noite desta quarta-feira (27) pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A avaliação é do banco de investimentos Credit Suisse, que estima que o lucro dos quatro maiores bancos, em 2020, cairá entre 1% e 3% com as novas medidas. O relatório é assinado pelos analistas Marcelo Telles, Otavio Tanganelli e Alonso Garcia.

“Estimamos um impacto negativo médio de 1% a 3% sobre o lucro líquido de 2020 para os grandes bancos sob nossa cobertura”, declaram os analistas. Isso significaria uma redução total de R$ 2 bilhões a R$ 6 bilhões nos lucros dessas instituições.

Como você já sabe, o CMN restringiu a cobrança de juros sobre o cheque especial a 8% ao mês, o que representa algo como 150% ao ano. As taxas atuais giram ao redor de 12,5% ao mês, ou mais de 300% ao ano. O conselho também autorizou a portabilidade do cheque especial, além de ampliar as possibilidades para a transferência do financiamento imobiliário.

Tratando especificamente da restrição dos juros do cheque especial, o Credit Suisse afirma “o impacto do limite de 8% por mês é bem mais limitado do que as manchetes podem sugerir.”

A estimativa baseia-se na contrapartida que o CMN concedeu aos bancos, a fim de compensar a restrição do cheque especial. As instituições poderão cobrar uma tarifa mensal de 0,25% sobre o limite pré-aprovado do cheque especial para operações acima de R$ 500, mesmo quando o cliente não o utilize.

Na ponta do lápis

O Credit Suisse calcula que os juros menores no cheque especial reduzirão a receita dos bancos em cerca de R$ 11 bilhões. Aqui, abrem-se duas saídas. Se os bancos decidirem não cobrar a tarifa de 0,25% e não liberarem os recursos destinados ao crédito pré-aprovado, os lucros cairiam cerca de R$ 6 bilhões, ou 3% do lucro total das instituições avaliadas.

Margem de manobra: bancos como o Bradesco poderão cobrar tarifa sobre limite pré-aprovado do cheque especial (Imagem: Bloomberg)

No melhor cenário, se os bancos conseguirem cobrar a tarifa de todos os clientes com limite pré-aprovado acima de R$ 500, haveria um potencial de geração de receita de R$ 7 bilhões. Com isso, a queda nos lucros giraria ao redor de R$ 2 bilhões, o equivalente a 1% a 2% do total.

De qualquer modo, a maioria dos relatórios divulgados nesta manhã critica o intervencionismo representado pela decisão do CMN. A XP Investimentos afirma que a resolução passa “um sinal negativo para os bancos, principalmente pelo tom do regulador de intervir diretamente no crédito.”

A Guide Investimentos destaca que o mercado foi pego de surpresa pela medida. “A limitação de 8% ao mês do cheque especial não era aguardada pelos bancos, que esperavam uma mudança na regulamentação, mas não na forma de limitação da taxa de juros.”

A surpresa também se reflete no comportamento das ações dos bancos na B3 (B3SA3) nesta manhã. As ações de Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil abriram o pregão desta quinta-feira em queda.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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