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Chegou a vez do Brasil: JP Morgan eleva recomendação para compra

10 mar 2025, 11:18 - atualizado em 10 mar 2025, 11:18
ações bolsa brasileira, ibovespa
O JP Morgan elevou a recomendação da bolsa brasileira para compra com apostas de desaceleração dos EUA, China e fim do ciclo de juros no Brasil (Imagem: Shutterstock)

Com a bolsa ‘barata’ e com um valuation “bastante atraente”, o JP Morgan voltou a comprar a bolsa brasileira

O banco elevou a recomendação do Brasil de neutro para compra após quatro meses da última revisão – em que as apostas estavam concentradas no México. 

“Vemos essa mudança como tática e não estrutural, considerando que as questões domésticas que nos levaram a rebaixar o Brasil inicialmente, com a política fiscal ‘ruim’, ainda estão muito presentes”, escrevem os analistas do JP Morgan em relatório. 

Com as revisões, o banco mantém uma alocação defensiva nos dois países. No Brasil, a preferência é por bond proxies” – ações que tendem a ter um desempenho semelhante ao dos títulos em termos de características de risco e retorno bancos, empresas de energia elétrica e saneamento básico (utilities). 

Já no México, o JP Morgan está mais exposto aos setores imobiliário e financeiro. 

Por que investir na bolsa brasileira, segundo o JP Morgan

Na avaliação do banco norte-americano, tanto o Brasil quanto o México estão ‘baratos’. 

Mas os riscos continuam na mesa: as tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, a desaceleração econômica da maior economia do mundo e, especificamente no Brasil, a corrida presidencial de 2026, estão entre os fatores que precisam de atenção dos investidores. Confira os motivos a seguir: 

1 – Desaceleração dos EUA 

Para o JP Morgan, o risco de recessão dos Estados Unidos aumentou de 30% para 40% na última semana. A expectativa é de que a maior economia do mundo fique próximo de 1% neste ano se as tarifas sobre o México e o Canadá, ante a projeção de 2% anteriormente. 

Em outras palavras, o banco espera um crescimento mais lento dos EUA e um dólar mais fraco, o que abre a possibilidade de maiores cortes nos juros pelo Federal Reserve (Fed) – o banco central norte-americano.

Se isso acontecer na ausência de uma recessão nos EUA, o banco acredita que deve ser um cenário bastante otimista para os emergentes – com destaque para o Brasil. 

2 – Tarifas de Trump

O México deve ser o país emergente mais impactado pelas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação ao Brasil – tanto no cenário macroeconômico quanto no mercado acionário. 

Na semana passada, a Casa Branca suspendeu as tarifas sobre produtos mexicanos listados no Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) por um mês, voltando a valer a partir de 2 de abril. No caso do Brasil, a imposição de tarifas de aço devem entrar em vigor ainda em março. As tarifas recíprocas ainda não foram anunciadas.

Por outro lado, novas tarifas sobre a China podem pesar sobre os preços das commodities que são importantes para a América do Sul. 

3 – O fator China na bolsa brasileira

O mercado chinês subiu mais 20% no acumulado do ano e a forte valorização recente está trazendo fluxos para os mercados emergentes pela primeira vez “em muito tempo”, na visão dos analistas do JP Morgan.

E, esse movimento, deve beneficiar o Brasil no curto prazo. “A China traz mais dinheiro para o mercado emergente e isso deve ser uma vantagem para todos”, dizem os analistas em relatório.

Mas “uma eventual desaceleração na China, juntamente com o fim do rali das ações, provavelmente teria implicações negativas para as ações brasileiras”. 

4 – Cenário doméstico: Fim do ciclo de altas nos juros e eleições de 2026 

O JP Morgan também avalia que o ciclo de juros no Brasil pode terminar mais cedo do que o esperado – e isso é um dos pontos positivos para a bolsa. 

A visão foi reforçada após o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre vir “muito mais baixo” do que o esperado, apontando o crescimento da economia brasileira de 0,2% no período contra 0,4% de consenso. 

O real também se valorizou, “o que suaviza a ponta da inflação e deve reduzir as previsões do Banco Central”. 

Mas não apenas isso. Segundo o banco, as pesquisas de confiança estão piorando em todos os níveis. Há a expectativa de uma elevação de 100 pontos-base nos juros na reunião do Comitê de Mercado Aberto (Copom) que acontece na próxima semana, o que levará a Selic para 14,25% ao ano

“No entanto, é bem possível que se veja uma pausa depois disso”, diz o relatório.

Hoje, o cenário base do banco é que a Selic atinja o pico em junho, a 15,25%, “mas com o reconhecimento de que uma pausa anterior pode se materializar”.  

“Em nossa opinião, este deve ser um catalisador claro para as ações, já que as perspectivas de cortes de juros devem começar a ser consideradas quase imediatamente”, afirmam os analistas. 

“As alocações de investidores locais em ações estão no nível mais baixo de todos os tempos e o nível de juros vendidos no mercado está no nível mais alto desde pelo menos o início de 2024. Enquanto o primeiro pode corrigir rapidamente, o último provavelmente será mais lento, mas pode ver sinais de melhoria quando o ciclo de alta de juros chegar ao fim.”

As eleições de 2026 já entraram no radar dos investidores, mas o JP Morgan ainda considera que é muito cedo para se posicionar. 

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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