ChatGPT eleva alerta de risco geopolítico vindo da Inteligência Artificial, diz Eurasia
O ChatGPT é a sensação do momento. Em apenas dois meses, o programa de Inteligência Artificial (AI, na sigla em inglês) conquistou usuários em todo o mundo por seus textos realista. Porém, para o Eurasia Group, o frenesi criado em torno do chatbot da OpenAI acende o sinal amarelo.
No começo do ano, a consultoria norte-americana enumerou os dez principais riscos geopolíticos de 2023. E o avanço da tecnologia está como Top 3 da lista. Afinal, por que a inteligência artificial é um risco geopolítico?
Para o grupo liderado pelo cientista político Ian Bremmer, o potencial criado pela Inteligência Artificial tem capacidade de influenciar pessoas e a sociedade civil. Com isso, o risco é a AI ser usada com um viés político, por autocratas, demagogos e populistas.
“A AI tem o potencial de perturbar o equilíbrio de poder entre as nações; pode ser usada para criar novas armas, automatizar a produção e aumentar as capacidades de vigilância, o que pode dar a certos países uma vantagem sobre outros”, afirma o Eurasia no boletim informativo (newsletter) Signal.
Além disso, a AI também pode ser usada para manipular a opinião pública e interferir nas eleições. Tudo isso pode desestabilizar governos e levar a conflitos.
Mas quão grande é a ameaça da AI à democracia? “Bem, os bots (ainda) não podem se intrometer nas eleições ou vender notícias falsas para influenciar a opinião pública por conta própria”, explica o analista sênior da consultoria Carlos Santamaria, na newsletter.
Porém, a AI também pode atrapalhar a política, fazendo com que os bots façam coisas que apenas os humanos deveriam. “Automatizar o processo de tomada de decisão política pode levar a resultados tendenciosos e ao potencial de abuso de poder”, explica Santamaria, citando um chatbot.
Assim, quanto mais inteligente a AI conseguir propagar mentiras nas redes sociais, e quanto mais difundido for o uso político, mais perigosa a AI se torna. “Quando for comprovado que o conteúdo viral é falso, já pode ser tarde demais”, completa Santamaria.
Chatbot e Eurásia discutem os riscos
Então, o que os governos democráticos podem fazer? “Os governos podem proteger a democracia da inteligência artificial regulando o uso da AI, garantindo que ela seja usada de forma ética e responsável”, afirma o bot.
“Isso pode incluir o estabelecimento de padrões para coleta e uso de dados, além de garantir que a IA não seja usada para manipular ou influenciar a opinião pública”, acrescenta.
Porém, como ressalta o relatório do Eurasia Group, isso é o que acontece com as tecnologias revolucionárias, desde a imprensa até a fissão nuclear e a internet. “Ou seja, seu poder de impulsionar o progresso humano é igualado por sua capacidade de amplificar as tendências mais destrutivas da humanidade”, ressalta o analista do grupo.