ChatGPT é a galinha de ovos de ouro da Microsoft (MSFT) na corrida pela dominação pelas IAs generativas
“A corrida começa hoje e nós iremos nos mover rápido”. Assim proclamou o confiante CEO da Microsoft (MSFT;MSFT34), Satya Nadella, no evento que anunciou a integração do ChatGPT ao Bing (mecanismo de busca) e ao Microsoft Edge (navegador).
A corrida a que se refere Nadella é aquela pela dominância das inteligências artificiais (IAs) generativas, capazes de criar textos, imagens, ou até mesmo sons, a partir de um banco de dados relacionado ao comportamento humano.
O êxito tecnológico e de popularidade do ChatGPT, IA que reuniu em três meses a marca de 100 milhões de usuários, tem mandado um sinal mais do que convincente aos investidores de que a companhia não está fazendo promessas vazias.
Para o Goldman Sachs, o lançamento da já célebre IA é um “ponto de inflexão, não apenas para o mecanismo de pesquisa da Microsoft, ou para a prateleira de produtos da empresa, mas para a indústria tecnológica como um todo”.
Isso porque a nova tecnologia pode representar uma verdadeira revolução em termos de produtividade, unindo velocidade, escala e autenticidade no processamento de informações.
Depois de quase duas décadas patinando em inovação atrás de Google (GOGL;GOGL34), Apple (AAPL;APPL34) e Amazon (AMZN;AMZN34), a Microsoft tem com o ChatGPT a oportunidade de reviver o pioneirismo que teve em 1985, quando foi lançado o primeiro Windows.
O meticuloso e paciente plano da Microsoft rende frutos
Mas nada disso caiu do céu para a Microsoft. A preparação da empresa para o seu momento de brilhar vem desde 2016, quando anunciou o investimento de US$ 1 bilhão na OpenAI, a startup responsável pela criação do ChatGPT.
Junto do aporte inicial, a empresa de Bill Gates se comprometeu a investir pesadamente na tecnologia computacional requerida para que a OpenAI pudesse rodar o seu grandioso modelo de linguagem.
O entusiasmo dos executivos da Microsoft com o progresso revelado pelos precursores GPT-3 e GPT-3.5 se transformou, em 2019, num segundo aporte de US$ 3 bilhões aos cofres da OpenAI com o objetivo de expandir ainda mais as capacidades tecnológicas da IA generativa.
Eventualmente, a OpenAI concedeu a licença do projeto à Microsoft, autorizando a big tech a utilizá-lo em seu próprio pacote de produtos e serviços, entre os quais, o serviço de nuvem Azure e a biblioteca de códigos GitHub.
A próxima fase de investimentos no ChatGPT, como vem sendo repercutido, depreende um montante recorde de US$ 10 bilhões – recurso que será utilizado para o desenvolvimento de capacidades computacionais ainda mais poderosas.
Matt McIlwain, sócio de uma venture capital com posições na OpenAI, informou ao The New York Times que o foco da OpenAI é concluir o desenvolvimento do GPT-4. O novo projeto pode ser entregue ainda no fim deste primeiro trimestre e não teve suas características reveladas.
O mundo pós-Chat GPT: o que vem por aí para o mercado das IAs generativas?
O impacto causado pelo sucesso do ChatGPT obrigou os grandes concorrentes da dona do Windows a se mexer.
Um deles foi o Google, que na semana passada anunciou a incorporação do Bard, a IA baseada na família de tecnologias LaMDA (modelos de linguagem neural dialógica, na sigla em inglês) da empresa. Falhas captadas na demonstração oficial do Bard, contudo, ofuscaram às pompas do que seria o grande anúncio da empresa de Mountain View e renderam críticas à ação afobada do CEO Sundar Pichai.
Ainda ontem (13), Andy Jassy, CEO da Amazon, disse que a empresa apresentará uma resposta estratégica rápida ao avanço da Microsoft no setor, ressaltando que a Amazon trabalha há anos em um produto parecido ao ChatGPT para a sua linha de produtos interativos – como é o caso da Alexa.
Tão importantes quanto foram os anúncios de duas das principais empresas da China. Alibaba (BABA;BABA34), gigantesca companhia de tecnologia e e-commerce da China, e Baidu (BIDU;BIDU34), principal mecanismo de pesquisa do país, deverão apresentar em breve as suas versões de IAs generativas.
Na avaliação do Goldman, a quantidade de players postos a competir pela liderança do que está sendo considerada a nova fronteira do desenvolvimento tecnológico dificulta, ao menos nesse primeiro momento, uma dinâmica “o vencedor-leva-tudo”.
Isto posto, o favoritismo inegável do momento é da própria Microsoft. O banco de investimentos entende que a empresa deverá alargar consideravelmente suas margens de lucro nos próximos anos a reboque dos pesados investimentos na área de IA, permitindo a acomodação dos crescentes custos relacionados ao segmento.
Na projeção do CEO da Microsoft, mais de 10% de todos os dados produzidos no mundo poderão ser gerados por uma IA nos próximos três anos: “é uma era dourada”. Para a empresa, isso representa uma potencial adição de US$ 7 bilhões em receita para a linha Azure.
Em 2023, as ações da Microsoft – hoje negociadas em uma alta de 0,5% – subiram 13%. O Goldman mantém recomendação de compra para o papel, mirando um preço-alvo de US $315.