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ChatGPT do agro? Startup brasileira lança IA para o agronegócio alimentada por drones autônomos

29 jan 2025, 15:53 - atualizado em 29 jan 2025, 15:53
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Drone Harpia P-71 da Psyche em ação. (Foto: Divulgação)

A Psyche Aerospace, startup brasileira sediada em São José dos Campos, lançou nesta terça-feira (29) o Turing, uma plataforma de inteligência artificial (IA) chamada de ‘ChatGPT do agro’ pelos desenvolvedores.

Enquanto a ferramenta original, desenvolvida pela OpenAI, trabalha apenas com dados públicos, o Turing pretende alimentar a base de dados com informações coletadas pelos drones fabricados pela empresa.

“Nossa proposta é viabilizar um ecossistema integrado, no qual drones, sensores em campo, análises de solo e mapeamento conversem entre si, gerando dados qualificados que o produtor rural consiga interpretar e utilizar de forma imediata”, diz Gabriel Leal, CEO da Psyche.

Em evento realizado em São Paulo, a empresa detalhou planos para o futuro e inaugurou a rodada de série B, buscando captar recursos para a construção de uma nova fábrica, capaz de produzir drones em larga escala. O empreendimento deve custar cerca de R$ 100 milhões.

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Os drones da Psyche Aerospace

Com apenas 24 anos, Leal fundou a Psyche em 2022 e dois anos depois conseguiu captar cerca de R$15 milhões em sua primeira rodada de investimentos. Os recursos foram utilizados para a produção dos primeiros drones da empresa para o agronegócio.

Um deles é o Harpia P-71, apresentado como o maior drone de pulverização do mundo para uso agrícola. De acordo com o CEO, o drone é capaz de atuar em cerca de 40 hectares por hora, carregando 400kg de defensivos agrícolas.

Os equipamentos ainda são autônomos, sem a necessidade de ter alguém para operá-los, inclusive, até se abastecem sozinhos em uma estação de reabastecimento móvel batizada de ‘Beluga”.

Além do Harpia P-71, a empresa desenvolveu outros cinco modelos, sendo outros três drones e dois robôs de solo. Cada um tem especificidades diferentes para capturar dados mais precisos e encaminhá-los para a base de dados do Turing, a IA da Psyche.

O CEO afirma que os equipamentos não serão vendidos, mas sim geridos pela própria Psyche, que pretende construir bases em diversas regiões do país, se aproximando do produtor rural. Já o Turing, o ‘ChatGPT do agro’, deve ser disponibilizado gratuitamente para o produtor.

“Para o produtor, ele basicamente vai cadastrar sua fazenda no site e quando a gente estiver abrindo uma base na região da fazenda dele, chegará um aviso da nossa equipe falando que o Turing está disponível na região”, diz o CEO Gabriel Leal.

Já o mapeamento e a pulverização realizada pelos drones, será ofertada em R$ 25 por hectare, em um contrato de cinco anos, com 25% de antecipação no primeiro ano. Segundo Leal, o preço é o menor do mercado.

Gabriel Leal, CEO da Psyche Aerospace, ao lado do drone Carcará (Foto: Divulgação)

O Turing, a IA do agronegócio

De acordo com a Psyche, a proposta do Turing é oferecer diagnósticos e recomendações em tempo real, capazes de otimizar recursos e ampliar a produtividade. Uma versão da ferramenta já está disponível para download nas lojas de aplicativos, ainda sem muitas informações. O mapeamento mais completo deve ser disponibilizado em seis meses.

“A grande diferença do Turing para o ChatGPT é que o GPT foi desenvolvido para uso geral, enquanto o Turing vai ter uma especialidade. Ele vai se adaptar a você (produtor), para o seu problema, no contexto do agronegócio brasileiro”, afirma Anderson Rocha, diretor do laboratório de IA da Unicamp e consultor da Psyche.

No aplicativo é possível visualizar informações sobre um talhão de cana-de-açúcar, que faz parte de um campo demonstrativo do Grupo Tereos, localizado em Baguaçu, na cidade de Olímpia. A ferramenta oferece sugestões como necessidade de ajustes de irrigação ou verificação de nutrientes do solo em alguns pontos.

Segundo Rocha, a ideia é que os dados capturados tenham cada vez mais qualidade se comparados a imagens capturadas por satélite. Com a leitura mais precisa de problemas no campo e a atuação dos drones em pulverização, a Psyche estima um ganho de produtividade de 100% a 150% nas atividades agrícolas.

“A grande diferença está na coleta longitudinal, de um ano para o outro, de uma safra para outra. No ano passado você coletou o dado e sabe exatamente o que aconteceu, detectando os problemas e trabalhando com as sugestões de melhoria. Esse ano você consegue saber exatamente o quanto melhorou”, diz Rocha.

O consultor destaca que o ganho de produtividade virá com o uso contínuo dos dados fornecidos pela ferramenta. “Então, se você, por exemplo, melhorou a produção de um ano para o outro em 10%, você tem muito mais chance de melhorar do segundo ano para o terceiro, porque aprendeu tudo aquilo que deu certo e viu o que não deu tanto certo”, explica.

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gustavo.silva@moneytimes.com.br