Internacional

Chanceler russo critica Biden por crise dos mísseis cubanos e Ucrânia

30 out 2022, 16:17 - atualizado em 30 out 2022, 16:17
Sergei Lavrov
Lavrov disse: “A disposição da Rússia para negociações, incluindo o presidente Vladimir Putin, segue inalterada” (Imagem: Ministério das Relações Exteriores da Rússia/Divulgação via REUTERS)

O ministro das Relações Exteriores do presidente Vladimir Putin criticou neste domingo Joe Biden sobre a Ucrânia, dizendo esperar que o presidente dos Estados Unidos tenha a sabedoria de lidar com um confronto global semelhante à crise dos mísseis cubanos de 1962.

A invasão da Ucrânia pela Rússia desencadeou o maior confronto entre Moscou e o Ocidente desde a crise cubana, quando a União Soviética e os Estados Unidos chegaram mais perto de uma guerra nuclear.

Na ocasião, o presidente dos EUA John F. Kennedy descobriu que o líder soviético Nikita Khrushchev havia implantado mísseis nucleares em Cuba após a fracassada invasão da Baía dos Porcos – uma tentativa apoiada pelos EUA via exilados cubanos para derrubar o regime comunista que acabou frustrada por Cuba – e a implantação de mísseis pelos EUA na Itália e na Turquia.

Em entrevista a um documentário da televisão estatal russa sobre a crise dos mísseis, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse que havia “semelhanças” com 1962, em grande parte porque a Rússia agora estava ameaçada por armas ocidentais na Ucrânia.

“Espero que, na situação de hoje, o presidente Joe Biden tenha mais oportunidades para entender quem dá ordens e como”, disse Lavrov com um leve sorriso. “Esta situação é muito preocupante.”

“A diferença é que no distante 1962, Khrushchev e Kennedy encontraram forças para mostrar responsabilidade e sabedoria, e agora não vemos tal prontidão por parte de Washington e seus países satélite”, disse Lavrov.

Autoridades da Casa Branca não responderam até o momento a um pedido de comentário fora do horário de expediente.

Em 27 de outubro de 1962, o mundo chegou perto de uma guerra nuclear quando um capitão de submarino soviético quis lançar uma arma nuclear depois que a Marinha dos EUA lançou cargas de profundidade ao redor dele.

Mais tarde naquele dia, Kennedy concordou em remover todos os mísseis na Turquia em troca de Khrushchev remover todos os mísseis em Cuba. A crise foi contornada, embora tenha se tornado um símbolo dos perigos da rivalidade das superpotências na Guerra Fria.

O presidente Vladimir Putin cita a rejeição do Ocidente às preocupações russas sobre a segurança da Europa pós-soviética, e em particular a expansão da aliança militar da Otan em direção ao leste, como uma das causas do conflito.

Os Estados Unidos e seus aliados europeus dizem que as preocupações da Rússia são exageradas e não podem justificar a invasão de um ex-vizinho soviético cujas fronteiras Moscou reconheceu após o colapso da União Soviética em 1991.

A Ucrânia diz que lutará até expulsar todos os russos de seu território, afirmando que a diplomacia da Rússia é uma farsa usada para desviar a atenção de uma apropriação de terras ao velho estilo imperial.

Questionado sobre o que a Rússia deveria fazer agora na atual crise, Lavrov disse: “A disposição da Rússia para negociações, incluindo o presidente Vladimir Putin, segue inalterada”.

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