Chamada de ‘Don Corleone da IA’, Nvidia (NVDA) virou refém do próprio sucesso
A Nvidia (NVDA; NVDC34), fabricante de chips que entrou para o grupo de empresas com mais de US$ 1 tri em capitalização, reportou resultados na noite de ontem (21).
E, assim como nos trimestres passados, os números de receita e lucro mostram a história de uma ascensão meteórica, fazendo da Nvidia uma competidora solitária no seu mercado.
Essencialmente, a companhia não sentiu os ventos contrários vindos das restrições aprovadas pelo governo americano no que diz respeito à comercialização de chips especializados para a China — seu principal cliente externo.
Entre julho e setembro, a Nvidia atingiu a receita recorde de US$ 18,12 bilhões, aumento de 206% em relação ao ano passado e 36% no confronto trimestral. Já o lucro da companhia foi de US$ 9,24 bilhões, mais de 1200% da cifra observada no mesmo período de 2022.
O segmento de data center roubou a cena novamente, gerando receita de US$ 14,51 bilhões e marcando um aumento de 279% em relação ao ano anterior e de 41% em relação ao trimestre anterior.
Entre os destaques do segmento está o lançamento da primeira GPU (chips que sustentam a computação gráfica) com memória HBM3e, com sistemas previstos para estarem disponíveis no segundo trimestre do próximo ano; introdução do serviço de fundição de IA; e os superchips GH200 Grace Hopper, utilizados em supercomputadores.
Porém, os números astronômicos não foram o suficiente para anteder as expectativas cada vez mais turbinadas dos investidores de Wall Street. Às 14h (horário de Brasília), as ações da companhia caem 3,44%, abaixo dos US$ 483.
Segundo analistas do setor de tecnologia, é como se os investidores estivessem em um sugar high (o estado de hiperatividade gerado pelo açúcar), esperando crescimentos da mesma escala que os observados no primeiro trimestre de 2023.
O motivo apontado por trás da reação é o guidance “conservador” de receita comunicado pela empresa para o quarto trimestre equivalente a US$ 20 bilhões, cerca de 2% a mais do que o anotado no último trimestre.
Nvidia, o “Don Corleone da IA“
Para Dan Ives, analista de tecnologia carimbado de Wall Street, a reação do mercado não é o história mais importante do dia.
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“Os resultados da Nvidia mostram que a ‘corrida do ouro’ no segmento de IA é mais real do nunca e monetização está vindo forte. […] As preocupações com a China se provaram exageradas e eu espero que agora elas sejam contidas. Acho que nesta manhã os ursos do mercado estão voltando para o modo hibernação”, diz.
Para o analista da Wedbush, a empresa governada por Jensen Huang está governando o mercado de inteligência artificial como se fosse o próprio Don Corleone, o mafioso em “O Poderoso Chefão”.