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Chama o Max: O pêndulo das suas emoções

30 out 2020, 14:56 - atualizado em 30 out 2020, 14:56
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“Este ano está sendo um teste de fogo para as nossas emoções”, diz o colunista

Sir Isaac Newton foi uma das pessoas mais inteligentes da história. Astrônomo, alquimista, filósofo natural, teólogo, físico e matemático. Acho que já deu para perceber que o cara tinha uma inteligência bem acima da média.

No entanto, segundo Benjamin Graham, o pai do value investing, o maior cientista do mundo estaria longe de ser um investidor inteligente.

Mesmo sendo fã dos feitos de Newton, Graham afirmou que, apesar da sua mente brilhante, o cientista deixava que os apelos e as opiniões da multidão o influenciassem mais do que suas ideias e seus julgamentos. Muita sabedoria, mas fraqueza em lidar com seus instintos.

Há provas de que um QI alto e uma excelente educação não são suficientes para uma pessoa se tornar um investidor de sucesso.

Para mim, investir tem muito mais a ver com saber controlar suas emoções do que aplicar conceitos técnicos de finanças. É mais arte do que ciência. Segundo Graham, é mais um traço de personalidade do que de cérebro.

Este ano está sendo um teste de fogo para as nossas emoções. Choque do petróleo, pandemia, conflitos entre políticos e equipe econômica por aqui, eleições americanas, segunda onda do coronavírus. Ufa! Estamos sendo colocados à prova em doses cavalares.

Se neste ano repleto de volatilidade, exageros e cisnes negros, não aprendermos que a psicologia é muito mais íntima dos investimentos, acho que não vamos aprender nunca mais.

O ano de 2020 foi o batismo de fogo para o investidor pessoa física. Ao mesmo tempo, foi uma ótima oportunidade para compreendermos que paciência, disciplina e busca por informação e conhecimento nunca são demais neste mercado tão dinâmico e surpreendente.

No mercado financeiro, o teste é diário. Não há descanso. Quando você achar que o mar está calmo, sempre virá uma tempestade e o seu barco (leia-se sua mente) deve estar firme e sólido para enfrentar as intempéries.

Por isso, gosto tanto da definição já utilizada por vários financistas de que o mercado financeiro é um pêndulo.

Como sabemos, o pêndulo é um objeto que oscila de um extremo a outro, passando pouco tempo no ponto médio do arco.

O mercado atua da mesma forma. Sempre que se aproxima de algum extremo, seja de euforia ou de pânico, inevitavelmente ele se moverá de volta na direção do ponto central, mais cedo ou mais tarde.

O grande Graham chamava esses extremos de “otimismo insustentável” (quando as ações estão excessivamente caras) e de “pessimismo injustificável” (quando vemos várias barganhas). O investidor inteligente é um realista que vende para os otimistas e compra dos pessimistas.

Howard Marks, um dos maiores gestores da atualidade, cita o pêndulo em seu livro “The Most Importante Thing”.

“As bruscas variações de humor do mercado financeiro se assemelham ao movimento de um pêndulo. Quando as coisas vão bem e os preços estão elevados, os investidores se apressam a comprar, esquecendo toda a prudência. Depois, quando predomina o caos e o valor dos ativos está uma barganha, eles perdem totalmente a disposição de assumir riscos e se apressam a vender. E assim sempre será.”

Neste ponto, discordo do grande Howard Marks. Está na hora do investidor virar a chave da sua mente e entender que em momentos de estresse surgem grandes oportunidades, e quando está tudo “às mil maravilhas”, é hora de colocar o lucro no bolso.

O principal problema do investidor, e até seu pior inimigo, é provavelmente ele mesmo.

O investidor deve aprender a controlar o pêndulo das suas emoções e encontrar o seu ponto de razoabilidade. É o momento para aprender a ser menos ganancioso e menos medroso.

O medo torna difícil manter o otimismo em relação às participações cujos preços estão despencando, assim como a inveja te impulsiona à compra de ativos que estão se valorizando, com os quais muitas pessoas estão ganhando dinheiro.

Excesso de confiança é um grande problema. Investidores tendem a enfatizar apenas os pontos positivos ou negativos com muito mais frequência do que uma abordagem equilibrada e objetiva.

Noções de eficiência de mercado — a ideia de que a maioria dos ativos são precificados de forma “correta” — baseiam-se na crença na racionalidade e objetividade do investidor. Mas certamente essas características são pouco vistas na vida real. Exageros sempre acontecem; veja as irracionalidades como oportunidades únicas.

Tudo que foi falado aqui não é nada fácil, eu sei. Deve ser trabalhado diariamente no mercado. Exige experiência, vivência e muita pele cascuda. Mas é preciso sair da inércia e começar a pensar diferente.

Minha receita: entenda a importância da psicologia na sua tomada de decisão nos investimentos; controle suas emoções para sobreviver no mercado; mantenha o otimismo e o medo em um balanço apropriado; e, por fim, adote o “contrarianismo” — é altamente desejável se tornar mais otimista quando os outros estão em pânico, e vice-versa.

Vire a chave da sua mente e bons investimentos.

Grande abraço!

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