Chama o Max: Nosso maior diferencial
Por definição conceitual, vantagem competitiva é uma característica marcante que um agente pode ter sobre seus concorrentes ou comparáveis.
Também podemos dizer que a vantagem competitiva surge de maneira mais proeminente quando uma organização atinge níveis de performance econômica acima da média do mercado em função de alguns ou inúmeros atributos.
Gosto bastante da explicação metafórica do megainvestidor Warren Buffett ao definir uma vantagem competitiva duradoura.
Ele chama de “moats” (palavra em inglês que se refere a um fosso de castelo) os diferenciais econômicos que uma empresa possui e agem como barreiras à entrada a novos concorrentes. Assim, essas empresas protegem o seu negócio como um castelo é protegido por um grande fosso.
Quando abrimos um pouco o nosso escopo de análise e pensamos em países, o que podemos dizer sobre as vantagens competitivas do Brasil em relação às demais nações do mundo?
Em que áreas nos diferenciamos? Onde somos realmente bons no que fazemos?
Futebol? Pode ser uma boa resposta, mas há também países de grande destaque nesse esporte como Alemanha, Itália, França e Argentina. Como apreciador que sou, posso dizer que hoje em dia já não “sobramos” em relação aos outros países como outrora.
Somos melhores e mais diferenciados em outra área e não é à toa que ganhamos a alcunha de “celeiro do mundo”.
O agronegócio brasileiro é o motor da nossa economia e nosso maior trunfo competitivo.
O Brasil é um país privilegiado. Temos clima propício, solo fértil, abundância de água e uma quantidade infinita de terras agricultáveis.
Já visitei algumas empresas listadas que possuem fazendas no Mato Grosso, Goiás e Rio Grande do Sul e toda vez que passo por essas regiões agrícolas me surpreendo com o potencial brutal do nosso campo. Quilômetros infindáveis de terras que fazem jus ao famoso trecho da carta de Pero Vaz de Caminha: “Nesta terra, em se plantando, tudo dá!”.
Por incrível que pareça, mesmo diante de toda a crise decorrente da pandemia do coronavírus, o agronegócio brasileiro caminha para ter o seu melhor ano da história.
Vamos atingir a produção recorde de 250 milhões de toneladas de grãos e mais de US$ 100 bilhões em exportações de produtos agrícolas.
Enquanto a nossa atividade econômica deve encolher entre 6% e 7% este ano, o PIB do agronegócio deve crescer 2,5% em relação ao ano passado, segundo estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Ou seja, mais uma vez, o setor agro vai carregar nas costas o país e isso tem sido frequente nos últimos cinco anos.
Por que 2020 será tão especial?
Uma conjunção de fatores vem colocando o Brasil nos holofotes do comércio agrícola internacional.
A safra 2019/2020 teve sol e chuva na medida certa, com ausência de fenômenos climáticos como El Niño e La Niña, que acabam afetando sensivelmente as plantações.
Outro motivo é a tensão comercial entre China e EUA, que levou a uma redução nos negócios entre os dois países, fazendo do Brasil o maior beneficiário dessa briga.
Se os EUA não estão abastecendo mais de um bilhão de bocas chinesas, o Brasil tem dado conta do recado, já que somos o maior exportador de soja do mundo e temos posição de liderança relevante em milho, carnes, algodão, suco de laranja, entre outros.
Hoje, a China compra mais de US$ 30 bilhões em produtos agrícolas brasileiros e é o nosso principal parceiro comercial.
Outro pilar em que estamos tendo bastante sucesso é a eficiência no campo. Nos últimos anos, a área plantada em milhões de hectares quase duplicou no Brasil, e a produtividade medida em quilos por hectare mais que triplicou. Estamos produzindo mais em menos tempo e a um custo menor.
Nesse contexto, Michael Porter, professor de Harvard e um dos gurus mais seguidos pelos alunos de Administração e Economia, defende que há dois tipos de vantagem competitiva que uma organização pode alcançar em relação a seus concorrentes: menor custo e/ou diferenciação.
Estamos falando de uma busca por inovação constante e mais tecnologia no campo para a organização se tornar mais eficiente e ser percebida como diferenciada pelo público comprador.
Nesses quesitos, há uma empresa listada na Bolsa que vem se destacando anualmente no que se refere à gestão profissional, inovação tecnológica e governança corporativa, pilares raros em companhias do setor.
Com mais de 40 anos de história, a SLC Agrícola (SLCE3) é reconhecida pelos clientes e por participantes do agronegócio pela produtividade das suas fazendas, qualidade dos seus produtos (soja, algodão e milho) e o seu baixo custo de produção.
Com solidez financeira e um negócio altamente gerador de caixa, a SLC Agrícola navega bem em um mar bastante escasso de companhias do setor na B3. Nomes como Terra Santa (TESA3), BrasilAgro (AGRO3) e Camil (CAML3) são poucas opções para quem quer investir no setor. Infelizmente, o Agro não é pop na Bolsa.
Mesmo assim, considerando todo o potencial do agronegócio brasileiro e suas vantagens competitivas, acredito que o seu portfólio de ações deve conter alguns desses nomes do setor, podendo expandir o seu foco para empresas mais conhecidas e que de alguma forma estão ligados ao Agro, como BRF (BRFS3), Suzano (SUZB3), Klabin (KLBN11) e os mais controversos JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3).
Em momentos tão difíceis como este que estamos vivendo, em que a autoestima da sociedade brasileira se encontra lá embaixo, temos motivos para nos orgulhar do agronegócio brasileiro.
Invista no campo, pois, como já diz o ditado: quem tem terra, não erra.
Você pode acessar AQUI o Telegram da Empiricus e receber as principais atualizações do mercado em tempo real ou baixar agora o aplicativo da maior casa de research do Brasil e descobrir o que nossos melhores analistas financeiros estão indicando.