‘Cesta básica’ de alimentos da Apas tem inflação de 10,90% em 2022, com somente a banana em deflação
Em maio, quando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) subiu 0,47% e somando 11,73% em 12 meses, 20 itens alimentícios mais populares, que compõem uma cesta básica dos supermercados, registraram inflação de 2,37% e 26,18% em cada período em São Paulo, além de 10,90% no acumulado de 2022.
A maioria dos produtos integra as cestas básicas nacionais, como as pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socieconômicos (Dieese), e foi alvo do presidente Jair Bolsonaro ao pedir às empresas que maneirassem nos aumentos para ajudá-lo a se reeleger.
Em levantamento da Associação Paulista de Supermercados (APAS) para Money Times, apenas a banana apresentou deflação no mês passado, de 0,11%. Desde maio de 2021, somente o arroz, em 1,74%.
No acumulado do corrente ano, à exceção novamente da fruta (-0,09%), nenhum dos 20 alimentos teve redução de preços para o consumidor no Índice de Preços dos Supermercados (IPS), apurado em parceria com a Fipe/USP, que agrega 225 itens.
No entanto, conforme se vê no quadro da Apas, abaixo, elaborado pelo economista Diego Pereira, o peso dos produtos nessa inflação das redes paulistas, alinhado ao convencional hábito e necessidade de consumo dos brasileiros, é determinante.
Nesse caso, o arroz foi o item líder, com 0,1740%, que se caiu de maio a maio, desde janeiro passado já aumentou 0,55%. Como “ninguém fica sem sua porção de arroz diária”, lembra Pereira, o peso no bolso dos compradores está acelerado este ano porque a safra caiu, depois do maior volume de 2021 – que resultou em baixa de preços.
Substituição
Para lembrar: em 2020, no auge da pandemia, os produtores brasileiros exportaram muito, quando a Ásia segurou o produto para sua população, estimulando plantio maior no ano seguinte, quando voltou a ter maior oferta global e os produtores brasileiros tiveram de escoar o produto internamente. Para 2022, os arrozeiros desaceleraram a produção.
O segundo item em peso inflacionário, o café em pó, com 0,1425%, é o campeão de inflação em todos os três períodos pesquisados, maio, em um ano e nos últimos cinco meses. A alta dos preços vem na sequência de uma expressiva quebra na safra 21/22, ocasionado pela seca e geadas, sob uma recuperação apenas parcial no ciclo atual, 22/23.
Pela ordem, os reajustes do IPS atingiram 0,27%, 11,52% e 2,07%.
“A gente percebe alguma substituição de produtos pelos consumidores, quando há alta significativas em outros, mas no café esse deslocamento só se dá por marcas”, diz o economista.
Ou seja, a bebida não tem substituto para a população brasileira, mas não significa, necessariamente, que algumas das mercadorias alimentícias listadas possuem grande flexibilidade.
No caso do arroz e feijão – este com peso de 0,0874% e inflação de 0,83%, 1,84% e 2,28% em maio, em 12 meses e em 2022 -, notoriamente é o macarrão. O produto teve alta no mês anterior de 0,16% e acumula no ano 0,79% (e mais 1,07% entre maio e maio), já refletindo a explosão de preços pela guerra da Ucrânia tirando o trigo do país do mercado.
Os demais itens do IPS da Apas derivados do cereal, farinha e pão de forma, se mostraram, respetivamente, com inflação menor e maior (a 4ª mais alta do ano entre os 20 itens) que o macarrão, porém o peso de ambos no consumo massivo é bem diferente. Biscoitos populares registraram inflação decimais.
E assim chegamos ao óleo de soja, que vem de carona na valorização do grão no mercado internacional. O alimento subiu 0,22% no último mês, 2,80% em 12 meses e 1,64% de janeiro a maio.
Se o produto passou a ser mais substituído nas camadas mais altas dos consumidores, uma vez que Diego Pereira notou vendas maiores em óleos mais caros, como o de canola, para a população de menor renda certamente não há outra opção. O óleo de milho, que não está na cesta básica dos supermercados de São Paulo, é alternativa próxima.
Na pesquisa sobres os 20 alimentos da Apas, que diz não ter a participação no faturamento das redes supermercadistas, não constam as carnes in natura. Produtos bem inflacionados, mas onde o deslocamento de um para outro é bem visível, entre a fuga do bovino para suínos e, especialmente, frangos, nota o economista da entidade.
Entre as proteínas pesquisadas, a notoriamente popular salsicha avançou 0,17% em 2022, 0,56% em um ano e 0,13% em maio último.
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