Cervejas: Heineken não deve acompanhar aumento de preços da Ambev
A Heineken não vai acompanhar a Ambev (ABEV3) e manterá o mesmo preço para as cervejas nos próximos meses, informou a empresa em notícia divulgada pelo Valor Econômico nesta última quinta-feira (30).
De acordo com o Bank of America, a Ambev tende a subir o preço das suas cervejas em cerca de 5% ou 6% após o salto de 10,05% na inflação dos últimos 12 meses.
Os especialistas comentaram que os reajustes da companhia foram diferente para cada marca, como a Stella que subiu 1%, Brahma com alta de 1,5% e Skol com elevação de 0,5%.
Ainda segundo os analistas, essa alta aconteceu no 3º trimestre de 2021. Não obstante, eles também explicaram os motivos para Heineken não aumentar o valor.
“A Heineken mencionou que não está planejando novos aumentos no futuro previsível, mas observamos que a empresa já elevou os preços antes da AmBev, o que também tem apoiado a participação da concorrente”, afirmou o Bank of America.
Para a instituição financeira, mesmo com esses reajustes sobre os produtos, a Ambev tende a sofrer entre o final desse ano e o próximo devido à inflação impulsionada pelas commodities.
“Em 2022, assumindo o valor da cerveja em linha com a inflação, a margem deve mais, apesar de um melhor mix de canais, já que os custos continuarão a subir cerca de 15%, principalmente devido aos preços mais altos das commodities”, comentou o banco.
Por isso, os analistas recomendaram cautela com ação após classifica-la como desempenho abaixo do mercado. (Underperform).
Nem tudo está perdido
A Ágora Investimentos também ficou preocupada com o reajuste de preços, mas no sentido da competitividade da Ambev com a Heineken.
“Esse cenário pode resultar em alguma perda de participação de mercado para a empresa, no entanto, esse risco é mitigado pelo nosso entendimento de que a Heineken terá restrições de capacidade que provavelmente durarão até 2023”, disseram Leandro Fontanesi e Ricardo França ao assinar o relatório da corretora.
Os especialista ainda falaram de um outro fator para reduzir os riscos de percas. Segundo eles, o 4º e o 1º trimestre possuem uma demanda sazonalmente mais forte. Sendo assim, os analistas continuram otimistas com o papel por esses e outro fatores.
“Outro ponto é que o mercado ainda não está precificando na ação o provável alívio de custo nos próximos anos com a queda dos preços das commodities agrícolas”, explicaram Fontanesi e França.
Além disso, eles observaram um preço sobre lucro como um indicador atraente para o ativo, avaliado em 18 vezes para 2022, abaixo do histórico da empresa, 23 vezes.
“Isso se torna ainda mais atraente quando olhamos para o lucro de 2023 a 15 vezes, dada a nossa expectativa de uma
recuperação da margem”, concluíram.
Sendo assim, a corretora manteve a recomendação de compra para a Ambev com preço-alvo de R$ 21, alta de 37% na comparação com fechamento desta última quinta-feira (30).