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CEO do Santander (SANB11) vê ‘piora marginal’ do cenário

29 out 2024, 14:27 - atualizado em 29 out 2024, 14:55
Mario Leão Santander
(Imagem: Divulgação)

Houve uma ‘piora marginal’ do cenário no terceiro trimestre em relação ao segundo, afirmou o CEO do Santander (SANB11), Mario Leão, durante conferência de resultados com jornalistas, realizado em São Paulo.

Leão lembrou que o trimestre foi marcado por queda da bolsa, enquanto a curva de juros subiu. O mercado vem aumentando as projeções de inflação e dos juros. O último Boletim Focus já mostra que a alta dos preços irá furar o teto da meta do governo, de 4,5%.

“O segundo trimestre já terminou mais nervoso. Junho foi um mês particularmente volátil. Eu diria que a média do terceiro trimestre foi parecida com junho, talvez pior do que média do segundo tri. Então, sim, nós tivemos um terceiro tri com mercado perfomando pior, com a bolsa caindo, com a taxa de juros de longo prazo subindo. A taxa pré-fixada é mais importante que a Selic”, destacou.

Questionado pelo Money Times se esse sentimento pode frustrar as projeções do banco, o CEO respondeu que não. No terceiro trimestre, o lucro do Santander subiu 34%, a R$ 3,7 bilhões.

“Do ponto de vista na nossa estratégia, do que estamos fazendo todos os dias, não mudou nada do segundo trimestre para o terceiro trimestre. Estamos com o mesmo foco, com a mesma disciplina, com o mesmo direcionamento. A estratégia não pode mudar a cada trimestre, vamos lapidando”, afirmou

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ROE de 20% mais distante?

Se o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) 20% ficou mais distante? O CEO acredita que não. Até porque o Santander nunca forneceu um guidance. Porém, o mercado espera ansioso pelo ‘número mágico’, no qual rodava antes da deterioração do crédito e do caso Americanas (AMER3). Só no terceiro trimestre, o ROE  subiu quatro pontos percentuais, a 17%.

“Não olhemos para o 20% como mantra, tudo o que estou fazendo é pelos 20%. Chegar aos 20% é um bom desafio, mas tem um montão de coisas no meio que preciso fazer para chegar lá. Ele continua direcionando um objetivo nosso, continuamos que vamos conseguir fazer ao longo nos anos”, destaca.

Ainda segundo Leão, não é a piora do sentimento macroeconômico que vai afetar a estratégia de recuperação do banco.

Apesar disso, analistas veem com preocupação o cenário. O BTG recorda que a potencial deterioração do ambiente macro e spreads mais apertados nos mercados de atacado e de empréstimos consignados sinalizam possíveis desafios para o crescimento no próximo trimestre, possivelmente atrasando a recuperação total de seus ROEs.

“Embora não vejamos as ações como excessivamente caras a 1,2x o PBV (preços sobre o patrimônio) mais recente, especialmente considerando seu recente desempenho inferior em relação ao Bradesco (BBDC4) (negociando a 1x, mas com ROEs mais pressão de crescimento), permanecemos neutros. O Itaú (ITUB4) continua como a primeira escolha entre bancos brasileiros”.

Disciplina do Santander

Muito repetido na conferência, o CEO também afirmou que o Santander deverá ser mais disciplinado na concessão de crédito em meio às altas das taxas. Há preocupação especial com a deterioração de pequenas e médias empresas.

“Podemos esperar que dada essa gestão clínica de alocação de capital…provavelmente, na prática, vou ter um ‘mid single digit’ (em torno de 5%) do que um ‘high single digit’ (entre 7% e 9%) como o mercado provavelmente vai crescer”, disse o executivo em conferência com analistas após a publicação mais cedo do resultado do terceiro trimestre do banco.

No período, a carteira de crédito ampliada do Santander Brasil cresceu 6% sobre um ano antes.

“O mercado deteriorou, já está antecipando deterioração da inflação, de juros e de tudo o que vem junto com isso. Não acredito em crescimento em modo sprint, mas em modo maratona”, afirmou o executivo.

Leão citou que o Santander Brasil, que segue estratégia de elevar retornos com comissões, preços e oportunidades de venda cruzada de produtos aos clientes do banco, não vai crescer ou vai até reduzir a carteira de consignado INSS enquanto nos negócios da financeira o banco “não tem vontade nenhuma” de desacelerar.

Já no portfólio voltado a grandes empresas, o banco vai continuar sendo “seletivo”, afirmou o executivo.

Mais espaço para crescimento

Na visão da XP, o Santander está no caminho certo para entregar resultados ainda melhores no futuro.

Nos últimos trimestres, lembra a casa, o banco diversificou seu mix de financiamento, aumentou sua exposição a clientes de alto nível (Select), melhorou a qualidade do crédito e alcançou um crescimento saudável da carteira por meio de uma atividade comercial eficaz.

“Em nossa opinião, essas conquistas preparam o caminho para que o banco aumente ainda mais sua lucratividade, deixando para trás os dias de ROE abaixo do custo do patrimônio líquido”.

E apesar de estar pouco mais pessimista, o BTG também continua a ver os resultados em uma tendência de melhora, com as metas do CEO de melhorar o principado do cliente, a receita de taxas e o financiamento de varejo contribuindo positivamente, reduzindo, em última análise, a ciclicidade do banco.

“Combinado com sua disciplina de crescimento aumentada, isso é um ponto positivo para o caso de investimento de longo prazo”.

Com informações da Reuters