CEO do Credit Suisse sinaliza separação de gestão de ativos
O CEO do Credit Suisse, Thomas Gottstein, sinalizou que considera isolar ainda mais a unidade de gestão de ativos do resto do banco após o colapso da Greensill Capital, enquanto intensifica os esforços para limitar os danos à reputação da instituição com o escândalo na empresa de serviços financeiros.
Tornar a gestão de ativos uma entidade independente é “potencialmente parte do plano”, disse Gottstein em entrevista à Bloomberg Television, dias depois da substituição do líder da unidade, que também deixou de ser supervisionada diretamente pela divisão de gestão de patrimônio.
“Ter uma holding pode ser algo que estamos buscando”, disse, acrescentando que, para o Credit Suisse, o caso da Greensill é principalmente um problema de gestão de ativos.
O banco suíço enfrenta sua pior crise desde o escândalo de espionagem um ano atrás. O Credit Suisse teve que suspender US$ 10 bilhões em fundos de financiamento da cadeia produtiva administrados pela Greensill devido a preocupações sobre os valores envolvidos.
Agora o banco corre risco de processos de investidores, perdas financeiras e escrutínio regulatório e conta com Ulrich Koerner, ex-UBS, para recuperar a imagem da unidade de gestão de ativos, que substitui o veterano Eric Varvel depois de 30 anos na instituição.
“Claramente, a Greensill é uma distração e algo em que estamos trabalhando agora, mas os resultados operacionais nos primeiros dois meses mostram que estamos no caminho certo”, disse Gottstein, que falou antes da Conferência de Investimento Asiático do banco. Apesar da turbulência, o banco teve seu melhor início de ano em uma década: a receita da unidade de valores mobiliários cresceu mais de 50% até fevereiro.
Outra dor de cabeça surgiu na segunda-feira. O banco recebeu uma notificação com novas objeções da Comissão Europeia, o que pode atrasar os esforços para concluir uma longa investigação sobre o suposto conluio entre operadores de câmbio de vários bancos.
Os comentários de Gottstein indicam que as medidas tomadas na semana passada para controlar a crise em torno da Greensill ainda podem não ser suficientes.
Além de substituir Varvel, o banco suspendeu bônus da equipe sênior e anunciou uma investigação sobre sua exposição ao fracassado império de financiamento de comércio de Lex Greensill. Questionado sobre se a responsabilidade no alto escalão se limitaria ao chefe da gestão de ativos, Gottstein disse que quaisquer outras decisões estão sujeitas à revisão do conselho.
A investigação determinará se houve falhas na área de defesa, mas é muito cedo para falar sobre quais podem ser os resultados, ou quem mais poderia ser responsabilizado, disse Gottstein. “Na verdade, estou bastante confiante de que sairemos mais fortes deste episódio”, disse. “É um processo de aprendizagem.”
Clientes de alta renda no Oriente Médio a fundos de pensão suíços se queixam sobre possíveis perdas de investimento, o que ameaça relacionamentos importantes muito além da gestão de ativos.
Os fundos oferecidos pelos gestores de ativos eram apontados como os mais seguros. Mas continham investimentos vinculados às vendas futuras dos tomadores de empréstimos da Greensill, muito além da reserva tradicional no financiamento da cadeia produtiva. Investidores enfrentam perdas quando esses fundos são liquidados, e alguns estudam entrar com processos.
O banco já devolveu cerca de US$ 3,1 bilhões aos investidores e disse que tem US$ 1,25 bilhão adicionais nos quatro fundos. O banco também concedeu um empréstimo de cerca de US$ 140 milhões para a Greensill no final do ano passado, dos quais US$ 50 milhões foram recuperados.
Gottstein disse que está “100% focado em retornar o máximo em termos de dinheiro a nossos investidores”.