Internacional

CEO de gestora alerta para impacto de saques de pensões no Chile

17 dez 2020, 14:30 - atualizado em 17 dez 2020, 14:30
Santiago Chile
Congressistas do Chile aprovaram neste mês um projeto de lei que permite aos trabalhadores um segundo saque antecipado das economias para a aposentadoria para compensar os efeitos econômicos da pandemia e das restrições (Imagem: Pixabay)

A pressa dos chilenos em sacar dinheiro dos fundos de pensão arrastará a economia por anos, enquanto o estado será forçado a compensar o déficit da aposentadoria, de acordo com Gregorio Ruiz-Esquide, CEO da gestora AFP Provida.

“As pessoas não estão compreendendo todo o efeito que isso terá”, disse Ruiz-Esquide em entrevista ao programa de rádio Pauta Bloomberg no Chile.

As retiradas antecipadas minarão a poupança, o que pode levar o governo a gastar mais em assistência social quando os aposentados ficarem sem dinheiro na velhice, alertou.

“Terá um efeito nos impostos e, portanto, na capacidade de crescimento do país”, disse Ruiz-Esquide.

Congressistas do Chile aprovaram neste mês um projeto de lei que permite aos trabalhadores um segundo saque antecipado das economias para a aposentadoria para compensar os efeitos econômicos da pandemia e das restrições.

Somada a uma medida semelhante aprovada em julho, os chilenos, que normalmente teriam de esperar pela aposentadoria para ter acesso aos recursos, devem sacar cerca de US$ 30 bilhões dos mais de US$ 200 bilhões em ativos de fundos de pensão.

Mais de 6 milhões de chilenos solicitaram o segundo saque, com um pagamento médio de cerca de 1 milhão de pesos (US$ 1,4 mil), de acordo com o regulador de pensões. Ruiz-Esquide disse que 800 mil clientes da Provida pediram cerca de US$ 1 bilhão sob as regras, e 350 mil ficarão sem dinheiro nas contas.

O primeiro projeto de lei para os saques foi apresentado por parlamentares da oposição e contestado pelo governo, enquanto o segundo foi apresentado pelo próprio governo.

A coalizão no poder pediu ao tribunal constitucional para que apenas o governo possa apresentar esses projetos de lei no futuro.

O tribunal começou a debater o caso nesta semana, e a decisão será fundamental para bloquear novas retiradas, disse o ministro das Finanças, Ignacio Briones, em entrevista publicada no domingo no jornal La Tercera.

Alguns parlamentares da oposição já apresentaram um novo projeto de lei para outra rodada de saques na pandemia.

“As pessoas precisam entender que isso destruirá suas pensões futuras”, disse Ruiz-Esquide.

As retiradas também levaram gestoras de fundos de pensão a se concentrarem em instrumentos líquidos, o que no futuro pode pesar sobre sua capacidade de investir em alternativas que ofereçam melhores retornos, disse Ruiz-Esquide.

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