CEO da Via (VIIA3) sobre crise da Americanas (AMER3): Temos uma grande oportunidade pela frente
Sem citar nominalmente a Americanas (AMER3), Roberto Fulcherberguer, CEO da Via (VIIA3), uma das principais concorrentes da varejista, diz que vê oportunidade na crise pela qual a dona dos sites Submarino e Shoptime está passando.
Em 11 de janeiro, a AMER informou um rombo de R$ 20 bilhões em inconsistências contábeis, mas que os bancos chamaram de uma “grande fraude”. Uma semana depois, a varejista já estava em recuperação judicial.
“Hoje, somos grande capturadores de market share. Enxergamos esse evento que acabou de acontecer como um desafio de curto prazo, porque assusta todo o ecossistema financeiro, mas, a longo prazo, é uma grande oportunidade para quem tem muito share [participação]”, discorre.
Fulcherberguer participou do painel O Momento do Varejo Brasileiro no CEO Conference, evento organizado pelo BTG Pactual que traz as principais vozes dos mercados e de agentes econômicos. O painel também contou com a participação de Stelleo Tolda, conselheiro do Mercado Livre, e Luiz Guanais, analista de varejo do BTG.
Para o CEO da Via, “não existe vácuo no varejo”. Fulcherberguer diz que vários consumidores estão “órfãos” nesse momento.
“Nós estamos tentando mostrar para esse consumidor: ‘Olha, temos um negócio legal aqui'”, afirma.
De fato: segundo o relatório do Itaú BBA, a Americanas perdeu 57% do fluxo de acessos em janeiro, enquanto a Via foi a única empresa a aumentar o tráfego, com elevação de 12% ante o ano passado.
Porém, até o momento, o mercado entendeu que é o Magazine Luiza e o próprio Mercado Livre que vão capturar o mercado da Americanas. Em janeiro, as ações de Magalu e Mercado Livre dispararam 60% e 30%, respectivamente, enquanto a Via subiu pouco menos de 6% no mesmo período.
Sem ganhador no e-commerce, diz Via
O executivo também não teme o excesso de concorrência no e-commerce, que se agravou com a chegada de estrangeiros, como Shopee e Amazon.
“Tem espaço para todos os players. A Amazon, quando aconteceu lá atrás, o varejo ficou assistindo. Só que aconteceu nos Estados Unidos, e o varejo aqui se preparou para isso. Esse efeito de uma empresa que chega e ganha tudo, acho que não tem”, comenta Fulcherberguer.
Já o Mercado Livre acredita que os ganhos do e-commerce vieram para ficar.
“Estamos falando, principalmente, do ponto de vista do consumidor e da escolha. A conveniência que o e-commerce traz é superior no quesito experiência. Mas não quer dizer que as lojas vão acabar”, completa o conselheiro da empresa argentina.