CEO da Suzano (SUZB3) vê desaceleração nos preços da celulose com guerra comercial e diz que não apostaria contra a China

O CEO da Suzano (SUZB3), João Alberto Abreu, afirmou que o setor de celulose deve sentir o impacto da guerra comercial, no que diz respeito à negociação dos preços da celulose.
Após três aumentos consecutivos de preços no início deste ano, a Suzano deve ter mais dificuldade para negociar com seus clientes.”No curtíssimo prazo é normal que haja uma certa desaceleração nas negociações, até cada um ver o que vai acontecer”, afirmou.
No entanto, o executivo vê a empresa bem posicionada competitivamente. “Eu vejo a Suzano em uma posição privilegiada. Em uma situação de maior tensão, temos uma posição competitiva robusta”, disse o CEO.
As declarações foram realizadas durante o 11º Annual Brazil Investment Forum, promovido pelo Bradesco BBI, São Paulo, nesta terça-feira (8).
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Segundo Abreu, a China detém 40% da exposição de celulose da empresa, enquanto Estados Unidos e Europa possuem cerca de 20% cada um.
O CEO destacou que existem discussões sobre novos pacotes de incentivo ao consumo no parceiro asiático, que podem acabar beneficiando alguns setores.
“Eu não apostaria contra a China. Eles têm um plano de crescimento, de crescer 5% e acredito que possuem muitas ferramentas para continuar buscando esse crescimento”, afirmou.
Ainda sobre a China, o executivo não descartou a possibilidade de maior integração com o mercado do país. Abreu afirmou que a moeda chinesa possui um custo de capital atrativo e que a Suzano estuda a possibilidade de transferir parte da dívida para a moeda local.
Próximos passos para a Suzano (SUZB3)
Após o “tarifaço” de Donald Trump, a Suzano integra a lista das dez empresas que mais perderam valor de mercado: cerca de R$ 3,6 bilhões. O CEO da companhia atribuiu o cenário ao sentimento de incerteza sobre uma desaceleração global.
“A primeira preocupação para nós é uma eventual recessão. Há previsões de retração de 1% e isso reduz a demanda de todos os mercados. Precisamos olhar para o impacto nos nossos clientes, principalmente chineses e europeus”, disse Abreu.
O executivo considera que é um momento para cautela no que diz respeito à alocação de capital. A empresa avalia que a compreensão do balanço de oferta e demanda é fundamental para traçar os próximos passos no mercado.
Considerando médio e longo prazo, o CEO acredita que a tendência é de que a demanda pela celulose de fibra curta cresça em uma velocidade superior à de fibra longa. “Eu vejo a fibra longa de alguns mercados fora do Brasil atuando mais em nichos e isso abre oportunidades para a fibra curta”, disse.
Apesar das tensões com o cenário global, Abreu reforçou a confiança na Suzano, ressaltando a posição competitiva da empresa. Segundo ele, a companhia possui portfólio capaz de gerar caixa mesmo em ambientes de volatilidade de preços.
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