CEO da Latam questiona fusão da Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) como solução ideal para dívidas
Ainda é muito cedo para avaliar quais seriam os impactos de uma possível fusão entre Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), afirma o CEO da Latam, Jerome Cadier. No entanto, no que se refere a dominância que essa fusão traria para o setor aéreo, Cadier se mostra confiante no trabalho do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Em entrevista coletiva após a divulgação do balanço do quarto trimestre de 2024, o executivo ponderou que ainda não está claro qual será a proposta da combinação de negócios. “Esse MoU que foi divulgado há duas semanas atrás, ele é muito genérico e ele é não vinculante. Então, muita coisa pode acontecer”.
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O MoU se refere ao Memorando de Entendimentos (em português) assinado pela Azul e pelo Grupo Abra — controladora da Gol — para uma possível combinação de negócios entre as duas aéreas, que resultaria em um participação de 60% do mercado brasileiro, conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Cadier, que está a frente da Latam desde 2017, pontuou que já foram vistas pelo mundo tentativas de fusão de menor magnitude e foram negadas.
“Temos certeza que o Cade vai fazer uma análise em profundidade dessa proposta e vai propor medidas de mitigação. E é fundamental entender que essas medidas têm que buscar preservar a competitividade do mercado brasileiro”, disse na coletiva.
CEO da Latam questiona fusão como solução para dívidas
A possível fusão entre Azul e Gol tem por trás duas empresas que estão traçando seus planos de voos para lidar com dívidas. No caso da Gol, a aérea passa por um processo de Chapter 11 (recuperação judicial nos Estados Unidos), enquanto a Azul, inclusive, anunciou nesta semana a conclusão da reestruturação de suas obrigações financeiras.
Vale lembrar que a própria Latam enfrentou um Chaper 11, processo do qual saiu em novembro de 2022. Segundo o CEO, a companhia “saiu do Chapter 11 mais forte do que nunca, crescendo, colocando capacidade, muito saudável, sem necessidade de nenhuma concentração de mercado”.
Na avaliação de Cadier, as margens operacionais do mercado brasileiro são bastante saudáveis, contudo, existe um nível de dívida diferente em cada uma das companhias que operam.
“O que é o desafio agora, é como você financia esse ativo. E você tem uma dívida alta e taxas de juros altas, e isso faz com que muito dessa margem operacional não apareça no lucro líquido. Mas tenho minhas dúvidas se uma associação, uma combinação de negócios é a melhor forma de resolver um problema de dívida”, pondera.