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CEO da Euronext quer equipe no escritório e longe do Zoom

29 maio 2020, 11:55 - atualizado em 18 fev 2021, 19:02
Mercados - Europa - Dax
As ações da Euronext dobraram de valor desde que Boujnah, 56 anos, assumiu o comando em 2015 e atingiram recorde neste mês (Imagem: REUTERS/Kai Pfaffenbach

Stephane Boujnah diz que energia, inovação e fechar negócios não são realmente possíveis via Zoom.

O diretor-presidente da Euronext NV, que comanda bolsas de valores de Paris a Oslo, quer trazer as equipes de volta aos escritórios já no fim de junho.

Ele desistiu de fazer uma proposta pela Bolsa de Madri em março, pois não queria pagar muito, mas prevê que, com o controle da pandemia de coronavírus, mais empresas estarão disponíveis para compra a preços razoáveis.

As ações da Euronext dobraram de valor desde que Boujnah, 56 anos, assumiu o comando em 2015 e atingiram recorde neste mês.

O francês iniciou a carreira como advogado antes de trabalhar no Deutsche Bank e Banco Santander. O executivo tem quatro filhos e seus hobbies são boxe e leitura de livros de história.

Confira trechos da entrevista concedida por telefone:

Os funcionários estão retornando aos escritórios?

A ambição é garantir que o maior número de pessoas volte ao escritório antes das férias de verão, para que possamos reconstruir, o mais rápido possível, a energia da empresa. O isolamento físico em casa pode destruir a criatividade e o motor de crescimento da companhia.

Em Amsterdã, muitas pessoas podem ir de bicicleta ao escritório. Em Oslo e Lisboa, podem dirigir. Mas, em Londres, Nova York e Paris, as pessoas dependem de transporte público e algumas não se sentem confortáveis em usá-lo. Deixamos as pessoas decidirem o que querem fazer.

Não queremos que a Euronext se torne uma empresa de nuvem. Queremos ver todo o escopo das emoções humanas, intuição e criatividade acima e além de planilhas, PowerPoints, Zoom e Skype.

Estou no meu escritório em Paris atrás da minha mesa. Uso uma máscara para encontrar com as pessoas. Pego táxi na ida e na volta.

O que há no horizonte para fusões e aquisições?

Precisamos encontrar vendedores distressed de ativos não distressed. Em uma crise, normalmente há uma pausa, em que vendedores percebem que não encontrarão os múltiplos com os quais sonhavam há seis meses, e compradores achando que participarão de uma venda de garagem com preços baixos. Fechamos um acordo no meio da crise e continuaremos a procurar oportunidades.

A Liquidnet, operadora de bolsas privadas, está à venda. Tem interesse?

Estamos analisando todos os tipos de ativos. É uma empresa interessante.

Qual é o futuro da negociação de ações e como avalia a aquisição da Refinitiv pela London Stock Exchange?

A LSE precisa construir seu futuro em um ambiente transformado pelo Brexit, e vejo como esse acordo torna a LSE menos dependente do Brexit.

Estamos em uma situação diferente. Estamos conectando bolsas locais na Europa. Encontramos uma receita para tornar o trading de ações extremamente rentável.

Há lugares que o abandonaram, pensando que será um negócio comoditizado e deficitário. Nos últimos meses, nossa participação de mercado aumentou.

Em tempos difíceis, os participantes confiam mais em mercados transparentes e altamente regulamentados do que em plataformas laterais.

E, se você acredita que o dinheiro injetado pelos bancos centrais precisa entrar na economia real, parte dele será direcionado para mercados de negociação de ações.

Quanto tempo planeja permanecer como CEO?

Acabei de ter o contrato renovado por quatro anos em outubro e minha intenção é cumprir meu mandato. Não recebi ligação de nenhum headhunter para fazer algo diferente.

Tenho orgulho de termos um CEO francês, um diretor jurídico holandês, um diretor financeiro italiano e um diretor de vendas britânico, que no papel deve ser uma ilustração de piadas sobre o inferno europeu, mas, na realidade, estamos mostrando que os europeus podem se unir e fazer grandes coisas.

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