CEO da Eneva (ENEV3) conta por que comprou térmicas do BTG e diz que banco não votará em assembleia sobre operação; ações sobem
No principal negócio do dia no mercado brasileiro, a Eneva (ENEV3) fechou a compra de participações de fundos do BTG Pactual (BPAC11) em quatro ativos de geração de energia termelétrica por um total de R$ 2,9 bilhões.
Além disso, a empresa anunciou oferta de ações 100% primária que pode movimentar até R$ 4,2 bilhões, a R$ 14 por ação.
Em teleconferência com analistas e investidores, o CEO da companhia, Lino Cançado, afirmou que a aquisição das térmicas engloba a aquisição de ativos que estão alinhados para a estratégia da companhia e que trazem sinergias financeiras, societárias e operacionais, uma vez que sejam incorporadas à plataforma da Eneva.
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Por sua vez, a oferta de ações busca acelerar a estratégia de crescimento da companhia, além de financiar o negócio. Isso inclui investimentos no desenvolvimento do pipeline de novos negócios, como contratação de projetos nos leilões e potencial aquisição de ativos que se encaixem na estratégia da companhia.
“A transação traz um fortalecimento do balanço da Eneva com o follow-on e com a aquisição de ativos que são geradores de caixa no curto prazo, justamente naqueles anos em que a Eneva tem a maior necessidade de desembolso pelo seu programa de investimento para os projetos que estão em construção e tem um impacto significativo reduzindo o endividamento relativo da companhia”, disse o CEO.
As ações da companhia reagem positivamente ao anúncio no pregão desta terça, performando entre as maiores altas do Ibovespa (IBOV) com avanço de 1,74%, a R$ 13,48, por volta de 13h.
Executivos da empresa pontuaram que as operações abrem espaço para a otimização da estrutura de capital da Eneva e redução de sua alavancagem, o que viabiliza o desenvolvimento de novos negócios e participação no leilão de reserva de capacidade.
“Com a entrada dos ativos, que possuem uma dívida líquida negativa, reduzimos expressivamente nossa alavancagem, chegando a uma alavancagem pró-forma de 3x dívida líquida/Ebtida”, explicaram em teleconferência.
BTG não poderá votar na assembleia
Inicialmente, o negócio poderia gerar dúvidas com relação à governança. Afinal, o BTG é o vendedor dos ativos e também principal acionista da Eneva.
Questionado durante a teleconferência, o CEO da Eneva esclareceu que, conforme governança da companhia, como se trata de uma transação com parte relacionada, o banco não poderá votar na assembleia de acionistas necessária para aprovação do negócio.
“Aproveito até para ressaltar que os documentos que foram assinados da transação foram todos aprovados por unanimidade pelo conselho da Eneva, sem a participação dos conselheiros indicados pelo BTG”, disse Cançado.
Vale lembrar que a demanda para os papéis na oferta de ações que a companhia fará para financiar a aquisição já está garantida por veículo de investimento de sócios do BTG, a Partners Alpha.
O banco possui hoje aproximadamente 38% do capital da Eneva, incluindo a participação dos sócios.
Cronograma
O fechamento da transação está previsto para o quarto trimestre deste ano, sem uma data específica definida, de acordo com a Eneva.
Feito o anúncio, agora ocorre fase de auditoria jurídica, financeira, contábil e técnica, para então seguir para a negociação e assinatura de contratos definitivos, que deve ocorrer dentro de 45 dias.
No terceiro trimestre, a Eneva prevê a realização do follow-on, aprovação pelas assembleias gerais das partes e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), além de satisfação de outras condições suspensivas usuais em operações dessa natureza.
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Veja a apresentação da Eneva na íntegra: