CEO da Embraer (EMBR3) sobre tarifas de Trump: ‘Já enfrentamos coisas mais graves’

As tarifas de Donald Trump mexerem, principalmente, com as exportadoras e as ações da Embraer (EMBR3) entraram no balaio.
Desde a máxima do ano, em 19 de março, a ação caiu 20%. E desde 2 de abril, quando Trump anunciou os valores a serem tarifados, a empresa perdeu R$ 3,4 bilhões em valor de mercado.
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Apesar disso, o CEO da companhia, Francisco Gomes Neto, diz que as tarifas não vão atrapalhar os planos da companhia, pelo menos não em 2025.
“A Embraer vai achar a forma de resolver isso, como resolveu outros problemas tão e até mais graves do que esse”, afirmou o executivo ao participar do 11º Annual Brazil Investment Forum, promovido pelo Bradesco BBI em São Paulo.
Ademais, o executivo revelou que a Embraer tem como meta chegar a US$ 10 bilhões em receitas antes de 2030, excluindo os e-VTOL, aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical desenvolvida pela sua controlada Eve.
Volatilidade da Embraer
Já o CFO da fabricante, Antonio Garcia, que também participou do painel, diz que vê bastante volatilidade no setor neste ano, mais do que o esperado.
“Não estávamos vendo tudo o que podia ter visto”.
Apesar disso, o executivo afirma que as tarifas ainda não fizeram efeito para a companhia.
“Hoje pagamos um pouquinho para exportar, mas importamos, tem uma garantia. É cedo para falar ainda. Estamos confiantes que, no ano, tem muito desafio, mas tem muita oportunidade e vai continuar tendo”.
A empresa espera entregar este ano entre 77 e 85 aeronaves comerciais (10% acima no comparativo anual, considerando o ponto médio da projeção) e cerca de 145 a 155 jatos executivos (15% superior ano sobre ano, também com base no ponto médio).
Impacto pequeno?
Em relatório da semana passada, o BTG Pactual disse que o impacto das medidas sobre a Embraer deve ser limitado.
“De forma geral, acreditamos que o impacto líquido de um aumento tarifário sobre a Embraer seria limitado, com a principal exposição concentrada na aviação executiva — que representa cerca de 28% da receita líquida de 2024”, afirmam Lucas Marquiori e Fernanda Recchia em relatório.
Os analistas destacam que o setor em que a Embraer atua também conta com uma carteira de pedidos com mais de três anos de duração, “o que significa que os volumes podem atravessar os riscos crescentes de recessão nos EUA”.