CEO da Airbus alerta funcionários sobre queima de caixa e cortes
O diretor-presidente da Airbus, Guillaume Faury, alertou empregados de que a fabricante de aviões está queimando caixa e precisa cortar custos de forma rápida para se adaptar ao setor aeroespacial radicalmente reduzido.
Companhias aéreas, que tentam sobreviver em meio à crise, não podem aceitar novas aeronaves.
Com isso, a Airbus faz malabarismos com cronogramas de entrega e reavalia perspectivas de longo prazo para a indústria aeroespacial, disse Faury à equipe em carta enviada na sexta-feira e vista pela Bloomberg News.
Um plano para reduzir a produção em 30% anunciado no início deste mês pode não refletir o pior cenário, disse.
O executivo disse que a empresa tem queimado caixa em uma velocidade sem precedentes, “o que pode ameaçar a própria existência de nossa empresa”, escreveu Faury.
“Agora, devemos agir com urgência para reduzir a queima de caixa, restaurar nosso equilíbrio financeiro e, finalmente, recuperar o controle de nosso destino.”
A Airbus não quis comentar sobre comunicações internas.
A fabricante europeia e sua rival americana Boeing tentam driblar a queda da demanda causada pela pandemia de coronavírus que abalou o setor aeroespacial comercial dominado pelas empresas.
A Airbus aumentou a liquidez em 15 bilhões de euros (US$ 16,2 bilhões) para enfrentar a crise, enquanto a Boeing está em negociações para obter ajuda do governo dos EUA.
Ambas as empresas se preparam para fazer demissões enquanto procuram medir a profundidade da desaceleração e o ritmo da recuperação.
Implosão da Embraer
No sábado, a Boeing desistiu do projeto de US$ 4,2 bilhões para unir sua divisão de aviões com a Embraer. A empresa de Chicago deve reduzir a produção do Dreamliner pela metade e anunciar cortes da força de trabalho no balanço do primeiro trimestre a ser divulgado na quarta-feira.
O CEO da Boeing alertou para uma “nova realidade” enquanto avalia o mercado em rápida transformação.
A Airbus entrou na crise mais saudável, e o colapso do acordo da Embraer com a Boeing reforça a vantagem da empresa europeia no importante mercado de aeronaves de corpo estreito, onde os volumes têm sido muito maiores.
Ainda assim, como no caso das companhias aéreas, a crise representa uma ameaça para as fabricantes de aviões e sua grande cadeia de fornecedores.
Aprender a matemática sobre até que ponto fazer cortes determinará a saúde dos fabricantes quando um setor menor emergir das ruínas.
“A indústria da aviação emergirá nesse novo mundo muito mais fraca e vulnerável do que quando entramos”, disse Faury.
O executivo disse que a Airbus planeja avaliar a produção mensalmente na tentativa de obter uma visão realista do que provavelmente será uma crise duradoura.
Sash Tusa, analista da Agency Partners, acredita que a fabricante europeia tenha que reduzir a produção em outros 30% para refletir a queda da demanda por aeronaves nos próximos dois a três anos.